Apesar dos esforços e incentivos de montadoras e locadoras de automóvel, muitos motoristas expressam insatisfação. Eles apontam que o custo de locação dos veículos elétricos é substancialmente mais alto em comparação aos carros convencionais a combustão. Além disso, enfrentam desafios relacionados à infraestrutura de carregamento, que ainda é limitada em várias regiões do país, levando a dificuldades no dia a dia da profissão.
Vale a pena?
Por enquanto, não. Muitos motoristas entrevistados por UOL Carros relatam que, apesar dos incentivos, o rendimento líquido permanece comparável ou até menor ao que ganhariam com veículos a combustão. Isso se deve, em parte, à economia de combustível dos carros elétricos, que é contraposta pelo custo mais elevado de locação, já que a maioria não compra o carro elétrico, apenas aluga e também por perrengues pelas dificuldades de carregamento.
Em São Paulo, por exemplo, um motorista de aplicativo de carro elétrico consegue ganhar cerca de R$ 10 mil mensais, mas grande parte dessa receita é consumida em locação, taxas de recarga e higienização do veículo. O resultado é um ganho líquido próximo dos R$ 5,5 mil, ou seja, até um pouco menos dos R$ 7 mil médios que poderia ganhar com um carro à combustão.
Fabio Souza é motorista de aplicativo da 99. Dirige um BYD Dolphin locado por R$ 5 mil. "O conforto ao motorista e passageiro vejo com bons olhos. Mas o abastecimento ainda é uma dificuldade para os usuários que não podem carregar em casa, devido ao tempo de recarga, onde duração é de no mínimo 12 horas, com carregador portátil. Nos eletropostos, gira em torno de 1 a 2 horas de recarga, mas passamos por validação de um voucher de 50% de desconto da empresa de aplicativo, que nem sempre está disponível", afirma.
Segundo ele, a vantagem é que a taxa retida de comissão da 99 é de 19%, mas com carro elétrico é de 9,99%. Outra dificuldade é morosidade nos locais de recarga, onde acabam encontrando muitos pontos já sendo utilizados por furgões de entregas expressas e aí precisam buscar horários alternativos à noite e madrugada".
Outro motorista, Cesar Perez, diz que foi convidado a aderir aos incentivos do carro elétrico, mas optou por trocar o seu HB20 alugado por outro Versa à combustão, cerca de R$ 2.800 mensais, "porque o valor de locação de um elétrico a R$ 5 mil é muito caro".
"Enquanto a infraestrutura de recarga for insuficiente também perdemos tempo esperando para recarregar o carro, o que acaba perdendo tempo e dinheiro. Os carregadores de shopping estão sempre lotados e vejo que as estações pagas de carregamento também não estão suportando o volume de carros para carregar".