Cafeteria colombiana Juan Valdez deve abrir primeira loja no Brasil em dezembro

há 4 meses 14

A rede colombiana de cafeterias Juan Valdez planeja sua entrada no mercado brasileiro e deve inaugurar a primeira loja no país em dezembro deste ano.

A empresa já havia anunciado que o Brasil estava em seu radar, mas faltavam informações mais concretas sobre como seria o projeto de expansão para o país, que é o maior consumidor de café da América do Sul.

Até que, em agosto, o gerente geral da Federação Nacional dos Cafeicultores da Colômbia, Germán Bahamón, mencionou em um evento que a Juan Valdez inauguraria sua primeira loja no Brasil ainda neste ano.

Oficialmente, a empresa não fala em prazos. Procurada pelo Café na Prensa, a Juan Valdez informa que "está focada em seu processo de expansão internacional, incluindo planejamento para o Brasil", sem dar mais detalhes.

A reportagem, porém, apurou junto a executivos do alto escalão da companhia que a projeção dada por Bahamón está correta e que, de fato, a empresa planeja sua primeira inauguração em solo brasileiro ainda neste ano.

Além disso, a empresa deve investir no varejo, oferecendo opções de café torrado e moído nos supermercados. Atualmente, há alguns empórios que vendem os produtos da marca por importação própria. Com a chegada da empresa no Brasil, contudo, essa oferta deve ser massiva.

Espécie de Starbucks colombiana, a Juan Valdez nasceu em dezembro de 2002 e hoje é a maior embaixadora do café colombiano. A empresa é batizada com o nome do personagem fictício criado pela Federação Nacional dos Cafeicultores e que representa o agricultor colombiano em peças publicitárias desde a década de 1950.

A empresa tem centenas de lojas sobretudo na Colômbia, mas também está presente em dezenas de países, tanto no varejo quanto com cafeterias. Recentemente, a companhia decidiu investir com mais afinco na expansão internacional. Além do Brasil, mira outros mercados emergentes, como a China.

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A informação da iminente inauguração no Brasil gerou celeuma entre produtores e empresários brasileiros, que têm uma rivalidade velada com os colombianos.

Maior exportador mundial da commodity, o Brasil ainda patina no mercado internacional do café industrializado –torrado e moído. Embora produza cerca de 40% do que é cultivado em todo o mundo, o país responde por apenas 16% do comércio global do produto final.

Ampliar a participação internacional é, inclusive, um dos principais anseios dos industriais brasileiros. Procurada pela reportagem, a entidade que representa esses empresários diz ver com naturalidade a chegada da Juan Valdez, mas ressalta o fato de que a Colômbia é uma das maiores compradoras do café do Brasil –informação comumente utilizada pelos produtores brasileiros para mostrar que o país não fica aquém do concorrente.

A entidade ainda aproveita para ressaltar a qualidade do produto nacional. "Entendemos que há uma vasta opção de marcas brasileiras de diferentes estilos e origens que atendem aos mais diversos e exigentes paladares", diz, em nota ao Café na Prensa, Celírio Inácio, diretor-executivo da Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café).

Apesar de ter hoje grãos de alta qualidade sensorial, o Brasil historicamente é visto como um produtor de café commodity –aquele de menor valor–, enquanto que a Colômbia ganhou fama pelos seus grãos arábicas finos.

Há alguns anos, contudo, o Brasil deu um salto de qualidade e hoje concorre também no mercado gourmet, disputando com origens tradicionalmente mais valorizadas, como a própria Colômbia e a Etiópia.

Não obstante, o país continua com dificuldades para entrar com maior força no segmento do produto torrado e moído. Parte disso é atribuída a uma questão de comunicação. Isto porque a Colômbia soube trabalhar, ao longo de décadas, a imagem de que seus cafés gozam de alta qualidade e prestígio. Em consequência disso, nos Estados Unidos e Europa o país é visto como uma referência, enquanto que o Brasil continua sendo percebido pela maioria dos consumidores mundiais como um produtor de café inferior.

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