BYD ignora estoque elevado e traz mais 5.500 carros da China enquanto fábrica não fica pronta

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A BYD trouxe mais 5.524 carros para o mercado nacional na quinta-feira (27), aumentando ainda mais o estoque de modelos importados da China.

De acordo com levantamento mais recente da Anfavea (associação dos fabricantes), janeiro terminou com 42,8 mil veículos eletrificados chineses à espera de clientes em portos e pátios de concessionárias. A entidade estima que a maior parte é composta por veículos BYD.

Modelos das famílias Dolphin, Song e Yuan vieram de Nigbo, na província chinesa de Zhejiang, a bordo do Explorer Nº 1, navio que pertence à montadora. Em sua segunda visita ao Brasil, a embarcação atracou no Portocel, em Aracruz (ES). Na primeira passagem, em maio de 2024, foram entregues 5.459 automóveis no porto de Suape (PE).

Enquanto não recebe os outros sete cargueiros que planeja incorporar à frota própria, a empresa utiliza ainda outras embarcações para abastecer o mercado brasileiro.

Líder em vendas de modelos híbridos e 100% elétricos, com 76.811 emplacamentos alcançados entre janeiro e dezembro de 2024, a BYD não revela a quantidade de veículos em estoque atualmente.

Segunda colocada no ranking de eletrificados, com 29.219 licenciamentos, a GWM também não fornece dados sobre modelos armazenados no Brasil. "Mas podemos garantir que menos de 10% [dos 42,8 mil chineses em estoque] pertencem à GWM", diz o comunicado enviado pela empresa.

O excedente de veículos aguardando compradores é consequência da corrida para escapar dos futuros aumentos da alíquota sobre híbridos elétricos importados. O governo federal promove uma retomada gradativa do Imposto de Importação: atualmente em 18%, subirá para 25% em julho de 2025 e chegará ao patamar original de 35% em julho de 2026.

"Nossos carros obedecem a um planejamento de estoque para atender à demanda do mercado", afirma Henrique Antunes, diretor de vendas da BYD Brasil. "Temos que ter 25 mil unidades em estoque, o que equivale a, aproximadamente, três meses de vendas. Alguns produtos serão usados já em abril; outros, um pouco adiante, dependendo do modelo."

Desembarques de navios apinhados de carros da marca tendem a diminuir quando a fábrica de Camaçari (BA) começar a operar. Isso deveria ocorrer no próximo mês, mas ficou para o início do segundo semestre, após uma força-tarefa de órgãos federais ter identificado a presença de 163 operários trabalhando em condições análogas à escravidão nas obras do complexo baiano.

De acordo com a empresa, a unidade fabril que já foi da Ford será a maior fora da China e terá capacidade para produzir 150 mil veículos por ano na primeira etapa e até 300 mil numa segunda etapa.

O hatch Dolphin Mini e o SUV Song Pro serão os primeiros nacionais. Daí então os navios se concentrarão em modelos importados da BYD e nas futuras marcas de luxo da empresa, Denza e BAO.

A BYD também está expandindo seu centro de distribuição de peças, localizado em Cariacica (ES). Um novo galpão de 4.500 m² adicionou 5.900 posições de pallets. De acordo com a empresa, havia 370.692 peças em estoque em fevereiro de 2024, montante que saltou para 718.042 em fevereiro de 2025. No mesmo intervalo, o número de peças expedidas por mês saltou de 13,2 mil para 58,5 mil.

"Peças de reposição regular, como filtros, rodas, retrovisores e para-choques, sempre estarão disponíveis nas concessionárias. Já as baterias ficam no galpão, onde há condições mais seguras de armazenamento", explica Rogério Suzart, gerente de Logística da BYD.

Se um item mais específico é requerido, a empresa calcula que em 15 dias, no máximo, poderá ser trazido da China.

O jornalista viajou a convite da BYD

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