O Brasil exportou apenas US$ 6 milhões de automóveis para os Estados Unidos em 2024, mas os efeitos sobre o país das tarifas anunciadas por Donald Trump para o setor automotivo só serão conhecidos na sua totalidade após o detalhamento da medida pela Casa Branca.
Na quarta-feira (26), Trump anunciou uma tarifa de 25% sobre as importações de automóveis e certas autopeças produzidas fora dos Estados Unidos. Além do imposto sobre os veículos, Trump aplicará barreira semelhante sobre determinadas autopeças, como motores, transmissões, peças do trem de força e componentes elétricos.
As ações começarão a valer em 3 de abril. A lista completa de produtos sobretaxados com seus respectivos códigos, no entanto, ainda não é conhecida.
Em 2024, o Brasil exportou cerca de US$ 1,3 bilhão em autopeças e componentes para os Estados Unidos. Sem a publicação completa dos produtos que serão sobretaxados, não é possível especificar o alcance da ação de Trump sobre essas vendas.
"Existem mais de 250 códigos de produtos [código NCM] relativos a peças automotivas e não se sabe, neste momento, quais estariam cobertos pela medida. Vários desses produtos possuem uso dual, isto é, são usados no setor automotivo e em outros setores. Por essas razões, ainda não é possível estimar com precisão o valor das exportações que poderá ser afetado pela tarifa", disse o MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), em nota.
Ainda segundo o ministério, tampouco está claro pelas informações divulgadas por Washington se as tarifas de Trump abarcarão caminhões leves com capacidade de carga de até cinco toneladas. O Brasil exportou apenas US$ 1,5 milhão aos EUA desse tipo de veículo.
"O MDIC acompanha de perto os desdobramentos da decisão e aguarda informações detalhadas sobre sua implementação. O governo brasileiro segue monitorando os fluxos de comércio e avaliando eventuais impactos para a produção, exportações e importações do país, bem como possíveis medidas para mitigar efeitos adversos sobre o setor", afirmou a pasta.
A Abipeças e o Sindipeças, entidades que representam o setor, disseram na quinta (27) ver com preocupação a tarifa adicional anunciada por Trump. "Algumas peças automotivas também serão sobretaxadas, semanas depois, com possibilidade de aumento de itens na lista inicial. As entidades aguardam a publicação do completo teor da legislação para analisar mais detalhadamente possíveis impactos".
A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) não se manifestou.
A ampla discricionariedade que a medida de Trump dá para que a lista de autopartes sobretaxadas seja ampliada "se necessário" é outro ponto que pode aumentar o impacto sobre o Brasil.