Logo no primeiro bloco do debate entre os principais candidatos à prefeitura de São Paulo (SP), nesta quinta-feira (8), promovido pela TV Bandeirantes, o prefeito e candidato à reeleição Ricardo Nunes (MDB) se tornou o principal alvo dos adversários.
O evento coloca pela primeira vez, frente a frente, os candidatos mais bem posicionados nas pesquisas de intenções de voto para o Poder Executivo na cidade mais populosa do país. São eles: Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL), José Luiz Datena (PSDB), Pablo Marçal (PRTB) e Tabata Amaral (PSB).
Boulos criticou o que classificou como “falta de transparência” da gestão municipal em relação às licitações e “o mau uso do dinheiro público”.
Ao fazer sua pergunta ao prefeito, Boulos citou o nome de Pedro José da Silva, compadre de Nunes, que, segundo o candidato do PSOL, teria sido beneficiado com uma série de contratos na prefeitura.
“O que mais me preocupa é a falta de transparência, o mau uso de dinheiro público. Nunes, você gastou R$ 6 bilhões em obras sem licitação e sem planejamento. Quem é Pedro José da Silva? Qual a sua relação com ele?”, indagou Boulos ao prefeito.
“Pedro José da Silva é o compadre dele que recebeu 10 contratos em obras sem licitação. Ele escolheu a empreiteira do compadre para ganhar obra”, prosseguiu o deputado. “Numa escolha entre você, a cidade e os amigos do prefeito, ele escolheu decididamente os amigos”, completou Boulos, dirigindo-se aos telespectadores.
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Na resposta, Nunes rebateu citando o caso envolvendo o deputado federal André Janones (Avante-MG), que teve uma representação contra si arquivada no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados com o voto favorável de Boulos, que era o relator do processo. Janones era suspeito de ter praticado “rachadinha” em seu gabinete.
“Você precisa responder quem é Janones. Você instituiu a legalização da rachadinha. Você precisa responder quem é Nicolás Maduro”, rebateu o prefeito de São Paulo, citando também o ditador da Venezuela, regime apoiado por amplos setores da esquerda e que Boulos jamais classificou como uma ditadura.
“[Pedro José da Silva] É um trabalhador que veio para São Paulo, da Bahia, como tantos nordestinos. Ele prestou um serviço para a prefeitura e presta serviço há mais de 20 anos”, explicou Nunes.
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“A nossa administração é correta, séria, que combate a corrupção e faz muitas obras para melhorar a qualidade de vida das pessoas”, prosseguiu o prefeito. “Essa coisa de ficar atacando e xingando não leva a lugar nenhum. O que importa é que a cidade vai evoluindo.”
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Boulos, por sua vez, insistiu na questão do suposto favorecimento ao compadre do prefeito. “Eu não ando favorecendo amigo com contrato de R$ 27 milhões. Isso não é ataque, isso é respeito ao dinheiro público”, afirmou.
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Sobre André Janones, o deputado federal respondeu: “Já tive oportunidade de esclarecer mais de uma vez. Rachadinha é crime, independentemente de ser feita por Janones ou Bolsonaro. No Conselho de Ética, o que eu não podia era permitir dois pesos e duas medidas. O que vale para um tem que valer para outro”.
Janones e Maduro
A ação contra Janones foi aberta a partir de uma representação do Partido Liberal (PL), que acusou o parlamentar de ter recebido parte dos salários de funcionários lotados em seu gabinete para ajudar a cobrir gastos de campanhas eleitorais. Um inquérito sobre a denúncia tramita no Supremo Tribunal Federal (STF).
Em seu parecer sobre o caso, Boulos pediu o arquivamento do processo no Conselho de Ética da Câmara, sob o argumento de que a suposta “rachadinha” teria ocorrido em 2019, antes do atual mandato de Janones. Boulos mencionou a jurisprudência adotada pelo colegiado em casos anteriores.
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Na Venezuela, Maduro foi declarado vencedor das eleições presidenciais, segundo o CNE, supostamente derrotando o principal candidato da oposição, Edmundo González Urrutia. O resultado foi recebido com perplexidade pela grande maioria dos países democráticos ocidentais, já que o candidato oposicionista aparecia bem à frente de Maduro em todas as pesquisas dos principais institutos.
A oposição acusou o regime de fraudar a eleição, e diversos órgãos independentes internacionais apontaram irregularidades no pleito. Vários países, como os Estados Unidos, não reconheceram a vitória de Maduro.