A Biblioteca Britânica tem algumas preciosidades para manter seguras —o Primeiro Fólio de Shakespeare, duas cópias da Magna Carta e manuscritos de Charles Dickens e Charlotte Brontë.
Agora, esses tesouros foram confiados a um novo sistema solar térmico que mantém a temperatura e os níveis de umidade adequados para preservar os livros históricos, utilizando o calor do sistema para controlar a quantidade de umidade absorvida por desumidificadores de sílica, enquanto reduz suas emissões anuais de carbono em 55 toneladas métricas.
A instalação de 1,5 milhão de euros (R$ 9,2 mi) pela empresa britânica Naked Energy é a maior do Reino Unido. Ela gera 216 MWh (megawatts-hora) de energia anualmente, reduzindo a dependência da biblioteca da rede elétrica e de caldeiras a gás, anteriormente usadas para aquecer o extenso edifício no centro de Londres, que abriga cerca de 170 milhões de itens em 14 andares e recebeu cerca de 1,4 milhão de visitantes apenas no ano passado.
A tecnologia solar térmica, que captura calor do sol e o utiliza para aquecimento de ambientes e água quente, difere da solar fotovoltaica, que captura energia da luz solar para gerar eletricidade. Esta última é o tipo predominante de energia solar no mundo.
No ano passado, a capacidade instalada de energia solar térmica globalmente era de cerca de 560 GW (gigawatts), em comparação com 1.500 GW de solar fotovoltaica. A Naked Energy possui um tipo de coletor solar que pode produzir energia ao mesmo tempo que calor, o que, segundo a empresa, é único.
"Foi um projeto muito complexo porque a Biblioteca Britânica é um edifício muito único", disse Christophe Williams, fundador e CEO da Naked Energy, em entrevista à Bloomberg Green. "Há uma enorme demanda de calor no edifício porque eles têm muita água quente."
Os 950 cilindros solares térmicos, que cobrem 712,5 metros quadrados do telhado da biblioteca, também são menos intrusivos do que seriam os painéis solares, acrescentou Williams, tornando-os mais aceitáveis para as autoridades de planejamento. A Biblioteca Britânica é um edifício listado, com restrições rigorosas sobre modificações e adições que afetam sua aparência.
O sistema, instalado há 18 meses como parte de um projeto mais amplo de reforma e ampliação da estrutura que abriga a coleção da biblioteca desde 1998, foi financiado por meio de um esquema governamental que ajuda a financiar a descarbonização de prédios públicos.