Bancos e companhias de tecnologia estão entre as empresas mais diversas de estudo FGV/Folha

há 3 semanas 2

As 20 empresas com maior participação feminina e de pessoas pretas, pardas e indígenas do Brasil estão espalhadas por diferentes setores do mercado, como o financeiro, de moda e vestuário, transporte e telecomunicações.

É o que mostra o levantamento Diversidade nas Empresas, elaborado pelo Centro de Estudos em Finanças da FGV (Fundação Getulio Vargas), em parceria com a Folha. Os pesquisadores utilizaram dados de companhias de capital aberto declarados à CVM (Comissão de Valores Mobiliários).

A pesquisa avalia de forma separada empresas de 100 a 4.999 funcionários e a partir de 5.000 segundo dados de 2023. No total, um universo de 418 companhias foi levado em consideração. A diversidade foi mensurada em cargos de média liderança, diretoria e conselhos de administração e fiscal.

Na divisão de empresas de 100 a 4.999 funcionários, destacam-se Banese (Banco do Estado de Sergipe), Banpará (Banco do Estado do Pará), Boa Safra, Cagece (Companhia de Água e Esgoto do Ceará), Espaçolaser, Ferrovia Norte-Sul, Mills, Naturgy (antiga Companhia Distribuidora de Gás do Rio de Janeiro), Pettenati e Statkraft Energias Renováveis.

Entre aquelas com ao menos 5.000 colaboradores, as mais bem posicionadas são Banco do Brasil, C&A, Cielo, Ferrovia Centro-Atlântica, Pague Menos, Renner, Solar Cola-Cola, Tim, Vivo e Oi, que está em recuperação judicial.

As companhias se destacam, principalmente, pela participação feminina. Pretos, pardos e indígenas respondem por índices mais baixos nos cargos de liderança de quase todas as companhias.

Estudos mostram que aumentou a preocupação das organizações brasileiras com a gestão da diversidade nos últimos anos. Uma pesquisa da Blend Edu, startup que capacita e mobiliza companhias a colocarem a diversidade em prática, aponta para uma alta no número das que afirmam ter um orçamento dedicado à diversidade e à inclusão. Esse percentual subiu de 67% em 2020, para 88,9% em 2024.

A pesquisa Panorama das Estratégias de Diversidade no Brasil 2024 e Tendências para 2025 contou com a participação de 99 empresas de todas as regiões do Brasil. As perguntas foram feitas e respondidas por meio de um questionário online. Desde 2020, o relatório é feito anualmente.

Professora de economia da Ufam (Universidade Federal do Amazonas), Michele Lins Aracaty diz que a diversidade melhora o desempenho dos funcionários e aumenta a produtividade.

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"As pessoas se enxergam nos cargos de liderança e se sentem parte da empresa", afirma. A especialista diz ainda que o combate à homofobia, ao racismo, ao machismo e ao preconceito contra religiões também cria um ambiente favorável aos colaboradores.

De acordo com Tais Pasquotto, professora da Eppen/Unifesp (Escola Paulista de Política, Economia e Negócios da Universidade Federal de São Paulo), ambientes diversos apresentam uma imagem de marca empregadora mais atraente, o que facilita a atração de novos funcionários.

"O mercado consumidor, cada vez mais consciente da responsabilidade social das organizações, valoriza empresas que promovem a diversidade. Assim, além de melhorar o desempenho e a cultura interna, a diversidade também pode resultar em uma valorização mais significativa no mercado financeiro", diz.

Folha Mercado

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Cada empresa pode adotar um modelo diferente para ter um quadro de funcionários e lideranças mais diverso. A política de cotas é uma das opções apontada por especialistas.

Leandro Oliveira, executivo de RH (recursos humanos) com especialização em liderança e negociação pela Universidade Harvard (EUA), afirma que as políticas de cotas nas companhias são importantes para que se tenha mais profissionais negros e indígenas no mercado, mas que é preciso apostar em outras ações afirmativas.

"Tudo bem a gente abrir a porta com a cota no processo seletivo, mas depois que essa pessoa chega à empresa, que tipo de caminho ela vai percorrer? Tem de haver uma sensibilização da liderança para desenvolvimento desses profissionais e um plano de evolução da carreira para que eles possam crescer e chegar aos cargos de liderança."

Uma forma de garantir a participação dos grupos sem precisar abrir novas vagas —e, com isso, aumentar os custos— é fazer a reserva de postos, segundo Ylana Miller, mestre em negócios e administração e integrante dos conselhos de mulheres e responsabilidade social da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro).

"Se eu tenho uma quantidade anual de vagas, seja por substituição de pessoas ou vagas abertas, pode-se separar algumas delas para trazer mais mulheres, negros e indígenas. Não é preciso aumentar o seu quadro para contratar pessoas diversas", diz.

Saiba mais sobre os destaques do Diversidade Nas Empresas

As notas de participação feminina e de pretos, pardos e indígenas, que vão de 0 a 100, foram calculadas levando em consideração a presença dos grupos em cargos de alta e média liderança. Os autores do estudo deram pesos diferentes para cada uma das categorias analisadas: enquanto diretoria e conselho de administração têm peso maior, uma vez que os membros têm maior poder decisório, a média liderança e o conselho fiscal têm peso menor.

  • Empresas de 100 a 4.999 funcionários

BANESE
Fundação 1961
Funcionários 938
Participação de pretos, pardos e indígenas 28,40
Participação feminina 18,13
Também levou nas categorias Bancos, Seguros e Serviços Financeiros e Nordeste

BANPARÁ
Fundação 1959
Funcionários 2.600
Participação de pretos, pardos e indígenas 55,26
Participação feminina 24,64
Também levou nas categorias Bancos, Seguros e Serviços Financeiros; Norte e Participação Geral de Pretos, Pardos e Indígenas

BOA SAFRA
Fundação 2009
Funcionários 921
Participação de pretos, pardos e indígenas 33,15
Participação feminina 15,97
Também levou nas categorias Agronegócio e Centro-Oeste

CAGECE
Fundação
1971
Funcionários cerca de 5.000 (em 2024)
Participação de pretos, pardos e indígenas 34,49
Participação feminina 20,46
Também levou nas categorias Água e Saneamento e Nordeste

ESPAÇOLASER (MPM CORPÓREOS S.A.)
Fundação 2004
Funcionários 4.500
Participação de pretos, pardos e indígenas 3,71
Participação feminina 45,97
Também levou nas categorias Diretoria, Serviços de Saúde e Sudeste

FERROVIA NORTE-SUL
Início da concessão à holding
VLI 2007
Funcionários não informado
Participação de pretos, pardos e indígenas 15,69
Participação feminina 32,86
Também levou nas categorias Conselho de Administração e Transporte, Logística e Serviços

NATURGY
Fundação 1854
Funcionários não informado
Participação de pretos, pardos e indígenas 10,30
Participação feminina 37,08
Também levou nas categorias Energia e Sudeste

MILLS
Fundação
1952
Funcionários 2.000
Participação de pretos, pardos e indígenas 14,02
Participação feminina 32,86
Também levou nas categorias Transporte, Logística e Serviços e Sudeste

PETTENATI
Fundação 1964
Funcionários 1.347
Participação de pretos, pardos e indígenas 0,64
Participação feminina 49,46
Também levou nas categorias Moda e Vestuário, Participação Geral Feminina e Sul

STATKRAFT ENERGIAS RENOVÁVEIS
Chegada ao Brasil 2009
Funcionários 233
Participação de pretos, pardos e indígenas 0,73
Participação feminina 46,61
Também levou nas categorias Energia e Sul

  • Empresas com 5.000 funcionários ou mais

BANCO DO BRASIL
Fundação
1808
Funcionários 87.101
Participação de pretos, pardos e indígenas 15,63
Participação feminina 32,42
Também levou nas categorias Bancos, Seguros e Serviços Financeiros; Conselho de Administração e Sudeste

CIELO
Fundação 1995
Funcionários 6.579
Participação de pretos, pardos e indígenas 2,19
Participação feminina 40,26
Também levou nas categorias Bancos, Seguros e Serviços Financeiros; Participação Geral Feminina e Sudeste

C&A
Chegada ao Brasil 1976
Funcionários 15 mil
Participação de pretos, pardos e indígenas 10,28
Participação feminina 33,36
Também levou nas categorias Moda e Vestuário e Sudeste

FERROVIA CENTRO-ATLÂNTICA
Início da concessão à holding VLI
1996
Funcionários não informado
Participação de pretos, pardos e indígenas 12,98
Participação feminina 27,89
Também levou nas categorias Transporte, Logística e Serviços e Sudeste

SOLAR COCA-COLA
Fundação
1970
Funcionários 18 mil
Participação de pretos, pardos e indígenas 30,26
Participação feminina 10,93
Também levou nas categorias Alimentos e Bebidas, Conselho de Administração, Nordeste e Participação Geral de Pretos, Pardos e Indígenas

OI
Fundação
1998
Funcionários 3.352
Participação de pretos, pardos e indígenas 10,46
Participação feminina 32,48
Também levou nas categorias Tecnologia e Telecomunicações e Sudeste

PAGUE MENOS
Fundação 2004
Funcionários 4.500 (em 2024)
Participação de pretos, pardos e indígenas 3,71
Participação feminina 45,97
Também levou nas categorias Diretoria, Nordeste e Serviços de Saúde

RENNER
Fundação 1965
Funcionários 24.364
Participação de pretos, pardos e indígenas 3,33
Participação feminina 37,46
Também levou nas categorias Moda e Vestuário e Sudeste

TIM BRASIL
Chegada ao Brasil 1998
Funcionários 10 mil
Participação de pretos, pardos e indígenas 8,67
Participação feminina 38,39
Também levou nas categorias Diretoria, Tecnologia e Telecomunicações e Sudeste

VIVO (TELEFÔNICA BRASIL)
Chegada ao Brasil
1998
Funcionários 33 mil
Participação de pretos, pardos e indígenas 12,89
Participação feminina 28,54
Também levou nas categorias Tecnologia e Telecomunicações e Sudeste

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