Aos cem anos, tartaruga ameaçada de extinção é mãe pela primeira vez

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Uma tartaruga-das-galápagos, residente de longa data do Zoológico da Filadélfia, nos Estados Unidos, recentemente se tornou mãe pela primeira vez. Isso aos cem anos de idade.

Mommy (mamãe em inglês), que vive no zoológico desde 1932, botou 16 ovos em novembro. Quatro deles já eclodiram —a primeira eclosão bem-sucedida de sua espécie no zoológico, inaugurado em 1874.

Ela teve a ajuda de Abrazzo, uma tartaruga macho cuja idade também é estimada em um século.

Os dois, que são da subespécie tartaruga ocidental de Santa Cruz, são os animais mais velhos do zoológico. Mas as tartarugas-das-galápagos podem viver até 200 anos, segundo o zoológico.

O primeiro filhote nasceu em 27 de fevereiro, de acordo com o anúncio feito pelo zoológico na última quinta-feira (3). Os outros vieram nos dias seguintes, sendo o último em 6 de março.

Os filhotes, ainda sem nome, devem passar a ser expostos ao público no dia 23 deste mês.

Todos estão fantasticamente bem, segundo a diretora de herpetologia do zoológico, Lauren Augustine. "Eles têm o tamanho de uma bola de tênis e são bastante temperamentais, na verdade."

A chegada dos filhotes é significativa porque essa subespécie de tartaruga-das-galápagos é considerada criticamente ameaçada pela União Internacional para a Conservação da Natureza. Antes do nascimento deles, havia apenas 44 indivíduos em todos os zoológicos dos Estados Unidos, de acordo com o Zoológico da Filadélfia.

Os filhotes provavelmente nunca compartilharão o mesmo espaço físico que seus pais. O tamanho imponente da subespécie —Abrazzo tem 186 quilos e Mommy, cerca de 130— representa um risco, pois os menores podem acabar esmagados.

Ao contrário de sua companheira, Abrazzo não é um pai de primeira viagem. Em 2011, ele fez parte de um acasalamento bem-sucedido que levou à descoberta inesperada de cinco filhotes em sua casa anterior, num zoológico em Columbia, na Carolina do Sul.

Abrazzo foi transferido para o Zoológico de Filadélfia por recomendação da Associação de Zoológicos e Aquários, que o identificou como um possível par genético para Mommy.

Abrazzo e Mommy foram apresentados em 2022, e ela começou a botar ovos em 2023. Foram quatro rodadas, sendo que as três primeiras não eram viáveis. A quarta, no entanto, foi.

Quando vieram os últimos ovos, a equipe do zoológico pesou e mediu todos. Depois, decidiu colocá-los para serem incubados artificialmente em duas temperaturas: uma conhecida por produzir fêmeas e outra mais baixa conhecida por produzir machos.

Os quatro filhotes nascidos neste ano são fêmeas, mas Augustine disse que mais três ovos ainda estavam sendo incubados.

Os filhotes serão mantidos em cativeiro por pelo menos cinco anos. Depois disso, o zoológico determinará o que fazer com eles, em consulta com a Associação de Zoológicos e Aquários. Eles podem acabar em outro zoológico se forem uma combinação genética para outras tartarugas, ou poderiam viver seus dias na natureza nas Ilhas Galápagos.

Esta última opção, porém, acarretaria riscos, segundo Rachel Metz, vice-presidente de bem-estar animal do Zoológico da Filadélfia. "Eles estão em risco extremo de desastres naturais, potencialmente doenças, mudanças climáticas e espécies invasoras."

Séculos atrás, a população de tartarugas-das-galápagos era de centenas de milhares, mas diminuiu ao longo do tempo, pois elas eram caçadas por humanos para consumo.

Nos últimos 50 anos, a população se recuperou para cerca de 17 mil devido a programas de conservação e reprodução.

As estimativas da população subespécie tartaruga ocidental de Santa Cruz variam. O professor assistente de biologia Stephen Blake, da Universidade de St. Louis, estuda tartarugas-das-galápagos. Segundo ele, a população provavelmente está na casa dos milhares e parece estar estável e crescendo.

Por ser uma população pequena e a reprodução em cativeiro ser tão incomum, os filhotes darão aos pesquisadores uma chance rara de estudar as tartarugas desde bem novos em cativeiro, de acordo com Juan Manuel Vazquez, biólogo que estudou o envelhecimento em animais de vida longa, incluindo tartarugas-das-galápagos.

"Cada tartaruga adicional conta", disse ele.

Blake disse que não é incomum para as tartarugas-das-galápagos se reproduzirem aos cem anos na natureza.

"Essa tartaruga se reproduzindo não vai fazer muita diferença para o que está acontecendo na natureza em termos diretos", disse ele. "Mas, em termos indiretos, se o zoológico puder promover a maravilha que é um réptil de cem anos produzindo filhotes pela primeira vez e usar isso como um veículo para promover uma ética de conservação, será algo benéfico."

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