Cléber Vaz, 44 anos, é cadeirante há 23. Ele vive em Manaus e é pai de três filhos. Sem oportunidades no mercado formal, Cléber se reinventou como entregador.
"Nenhuma empresa quer contratar cadeirante, se for para contratar alguém com deficiência, preferem que seja algo leve. Quem falta um dedo, quem é surdo. Mas cadeirante, não. Aí a gente tem que correr por fora. Vi nas entregas uma forma de sustentar minha família. Hoje sou eu quem põe o alimento na mesa."
A moto que ele usa foi adaptada com rampa traseira, permitindo que ele suba com a cadeira de rodas. "Foi feita por um amigo meu. Custou cerca de R$ 25 mil. Teve muita ajuda, muita vaquinha. Mudou minha rotina. Quando comecei, fazia 20, 30 entregas por dia."
Hoje, com menos plataformas operando em Manaus, Cléber atua por conta própria. "Espero alguém me chamar. Não é como antes. É como uma loteria." Para complementar a renda, ele e a esposa vendiam alho e bolo de aipim nas ruas. "A moto foi uma forma de expandir isso também. As pessoas pediam para entregar em outros bairros. Foi aí que tudo começou."
"É rampa, escada, calçada ruim. Mas eu vou"
Tanto Cléber quanto Juliano enfrentam dificuldades específicas da mobilidade urbana. Prédios sem acesso, calçadas desniveladas e distâncias que, para cadeirantes, se tornam enormes obstáculos.