1º funcionário no país do Google revela quanto recebeu para vender empresa

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Em entrevista a Deu Tilt, podcast do UOL para os humanos por trás das máquinas, Ribeiro-Neto contou como ocorreu a aproximação com a Google, na época uma empresa em potencial, mas longe de ser a Big Tech que é hoje.

O interesse culminou na aquisição da empresa de Berthier, que virou o 1º funcionário do Google no Brasil. Ele foi diretor de engenharia do centro de tecnologia da companhia no Brasil durante 19 anos até decidir sair em julho deste ano. Essa é a primeira entrevista após deixar a empresa.

Os norte-americanos tomaram conhecimento da Akwan por intermédio de outro brasileiro. Luís André Barroso estava fazendo doutorado nos EUA e já trabalhava no Google. Foi ideia dele sugerir que a companhia visitasse a Belo Horizonte, sede da Akwan.

Depois de apresentarem a empresa ao chefe de tecnologia do Google, Berthier e seus colegas esperaram cerca de quatro semanas até chegar a proposta de aquisição.

Não era só pelo dinheiro, em torno de US$ 8 milhões, diz o engenheiro.

A proposta era super tentadora porque ia tornar aquele núcleo de engenheiros na base de um centro de pesquisa e desenvolvimento que seria estabelecido em Belo Horizonte
Berthier Ribeiro-Neto

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Para ele, o cenário era bom tanto para o contexto local quanto para quem estava trabalhando internamente, sobretudo professores.

A empresa foi financiada por poupança de professor. É um caminho que eu não recomendo. Não é saudável
Berthier Ribeiro-Neto

Quem cuidava das finanças à época era a esposa de Berthier, Rosa. Essa habilidade não passou despercebida pelos chefões do Google.

Isso porque a empresa abriu capital em março de 2000, pouco tempo depois do estou da Bolha Pontocom, que levou a uma quebradeira generalizada de companhias de internet listadas na bolsa de valores Nasdaq.

Mesmo nesse cenário desfavorável, a Akwan não tinha dívidas em seu período de criação.

A gente brinca que eles compraram a boa gestão e não o grupo de engenheiros
Berthier Ribeiro-Neto

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Antes de tomar a decisão de vender ou não, eles avaliaram os benefícios. Ribeiro-Neto conta que os engenheiros da Akwan, muitos deles alunos da UFMG, continuariam atuando na empresa, que viria a ser uma sede do Google no país, o que seria muito positivo em termos de carreira.

No começo dos anos 2000, muitos sites não possuíam sistemas de busca, conta Ribeiro-Neto. Além de ser a própria Akwan um mecanismo de busca -era dona do "todosBR" -, a empresa passou a fornecer motores de pesquisa para quem não dispunha dessa função em seus sites.

A empresa fundada pelos brasileiros fornecia soluções de tecnologia de busca para diversos sites.

Nós tínhamos que sobreviver e um jeito que encontramos foi vendendo soluções adaptadas para o mercado corporativo
Berthier Ribeiro-Neto

O professor destaca que aquele grupo inicial de 13 engenheiros foi multiplicado. Hoje, o Google possui mais de 500 engenheiros atuando no centro de desenvolvimento estabelecido em Belo Horizonte.

A Big Tech anunciou o segundo centro no Brasil. Ficará em São Paulo. O novo escritório funcionará próximo ao campus da USP (Universidade de São Paulo), na capital paulista.

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Como brasileiros salvaram Google de erro global que americanos desconheciam

Diretor de engenharia do centro de tecnologia do Google no Brasil por 19 anos, Berthier Ribeiro-Neto viu o mecanismo de busca se tornar uma ferramenta crucial para a internet.

Ele conta como os engenheiros brasileiros solucionavam problemas globais da ferramenta. Berthier conta que uma dessas falhas não havia sido detectada nem pelos especialistas norte-americanos e afetava o mundo todo.

E ainda: tinha a ver com a Britney Spears e o mp3. Depois disso, os brasileiros na companhia passaram a ser vistos com outros olhos.

"A reputação dos engenheiros que o Brasil têm dentro de uma empresa como o Google mostra que a gente pode fazer tão bem quanto qualquer povo desde que a gente se organize", afirma.

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IA? Nada disso! Jovens viciados no TikTok é que podem mudar o Google de vez

Inteligência artificial? Amazon? O mecanismo de busca está ficando 'burro', a ponto de muita gente reclamar? Muita gente elenca as ameaças a uma empresa gigante como o Google. Mas a percepção de um dos engenheiros que mais entendem da Big Tech é outra.

Para Berthier, a geração de jovens que se viciou na experiência de vídeos curtos e rápidos do TikTok dificilmente vai se adaptar ao funcionamento do Google.

Como resolver o problema? Não será virando uma versão do TikTok. "A máquina da busca do Google tem uma expectativa. Se virar um Tiktok, vai frustrar 1 bilhão de pessoas todos os dias", profetiza Berthier.

DEU TILT

Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre as tecnologias que movimentam os humanos por trás das máquinas. O programa é publicado às terças-feiras no YouTube do UOL e nas plataformas de áudio. Assista ao episódio da semana completo às 15h.

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