O CEO e fundador da Meta, Mark Zuckerberg, acusou a administração Joe Biden de pressionar o grupo de mídia social para "censurar" determinados conteúdos sobre a Covid-19 durante a pandemia e disse que pretendia ser politicamente "neutro" no atual ciclo eleitoral americano.
Em uma carta endereçada ao presidente do comitê judiciário da Câmara, Jim Jordan, Zuckerberg escreveu que altos funcionários de Biden haviam "pressionado repetidamente" a equipe da Meta por meses para censurar alguns conteúdos sobre a Covid-19, incluindo humor e sátira.
"Acredito que a pressão do governo foi errada e lamento que não tenhamos sido mais enfáticos a respeito disso", escreveu na carta, que foi postada no X pelo comitê na segunda-feira (26).
"Acredito fortemente que não devemos comprometer nossos padrões de conteúdo devido à pressão de qualquer administração em qualquer direção —e estamos prontos para resistir se algo assim acontecer novamente."
Zuckerberg também reiterou que não fará outra contribuição para apoiar a infraestrutura eleitoral por meio da Iniciativa Chan Zuckerberg, seu grupo filantrópico. Doações anteriores totalizaram mais de US$ 400 milhões e foram feitas a grupos sem fins lucrativos, incluindo o Centro de Tecnologia e Vida Cívica, sediado em Chicago.
As doações tinham como objetivo garantir que as jurisdições eleitorais locais tivessem recursos de votação apropriados durante a pandemia, disse ele. Mas, em sua visão, esse tipo de ação acabou sendo interpretada como "beneficiando um partido em detrimento do outro".
"Meu objetivo é ser neutro e não desempenhar um papel de forma alguma —ou mesmo parecer estar desempenhando um papel. Portanto, não planejo fazer uma contribuição semelhante neste ciclo", escreveu o executivo.
Os comentários marcam uma manifestação pública inesperada de Zuckerberg de que a Casa Branca tentou influenciar suas políticas de moderação e processos de fiscalização, e uma crítica sutil aos democratas às vésperas das eleições de novembro.
"Quando confrontada com uma pandemia mortal, esta administração incentivou ações responsáveis para proteger a saúde e a segurança pública", disse um porta-voz da Casa Branca na segunda-feira.
"Nossa posição tem sido clara e consistente: acreditamos que as empresas de tecnologia e outros atores privados devem levar em consideração os efeitos que suas ações têm sobre o povo americano, fazendo escolhas independentes sobre as informações que apresentam."
Folha Mercado
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Jim Jordan, um dos principais republicanos da Câmara, tem liderado uma investigação no Congresso acusando a administração Biden, pesquisadores de desinformação e plataformas de mídia social de conluio para silenciar os americanos, e o discurso conservador em particular.
Isso ocorre em meio a um amplo debate global sobre até que ponto as plataformas devem priorizar a liberdade de expressão ou a segurança online, alimentado por postagens do bilionário dono do X, Elon Musk, um autodeclarado absolutista da liberdade de expressão, e pela prisão do diretor-executivo do Telegram, Pavel Durov, na França no fim de semana, em uma investigação sobre supostas falhas de moderação no aplicativo de mensagens.
O candidato republicano e ex-presidente dos EUA, Donald Trump, tem criticado repetidamente as plataformas de mídia social por sua suposta censura de vozes de direita. Em julho, Trump alertou no Truth Social, sua plataforma de mídia social, que se reeleito presidente ele "perseguiria fraudadores eleitorais em níveis nunca vistos antes, e eles seriam enviados para a prisão por longos períodos de tempo".
Ele então pareceu direcionar suas críticas a Zuckerberg, acrescentando: "Nós já sabemos quem você é. NÃO FAÇA ISSO! ZUCKERBUCKS, tenha cuidado!"
Na carta publicada na segunda-feira, Zuckerberg também disse que o Meta não deveria ter temporariamente "rebaixado" uma matéria do New York Post sobre um laptop pertencente ao filho do presidente Joe Biden, Hunter, antes das eleições de 2020, depois que o FBI alertou sobre uma possível campanha de desinformação russa contra a família Biden. A história, acrescentou Zuckerberg, não se revelou ser desinformação russa.
Reportagem adicional de James Politi, em Washington