Walter Porto: Sueli Carneiro conta vida de Lélia Gonzalez em livro garimpado pela Zahar

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Uma das grandes intelectuais do Brasil, Sueli Carneiro faz um perfil biográfico de sua amiga Lélia Gonzalez, referência do pensamento negro e feminista que morreu em 1994, em um livro pouco conhecido que agora ganha projeção nacional graças à editora Zahar.

"Lélia Gonzalez: Um Retrato", que sairá em novembro, é a adaptação de uma obra de alcance limitado publicada há dez anos pela Fundação Banco do Brasil com a Rede de Desenvolvimento Humano.

No livro, Carneiro conta como foi a criação de Gonzalez por uma família numerosa de trabalhadores de Belo Horizonte e como a futura escritora conseguiu subsidiar seus estudos no Rio de Janeiro graças a um irmão que despontou como jogador do Flamengo.

A partir daí, a jovem se transformaria numa das mais importantes pensadoras do país ao se articular com movimentos sociais, se envolver com partidos políticos e viajar por países da diáspora negra, como narra o perfil escrito pela colega de militância.

A edição de 128 páginas difere bastante da que já foi publicada, com troca de parte da fortuna crítica por um epílogo com depoimento inédito de Carneiro sobre Gonzalez e uma nova seleção de fotos raras, como esta acima, que mostra a autora de "Por um Feminismo Afro-Latino-Americano" na juventude.

Há ainda a reprodução integral de uma carta da Lélia de 18 anos, saída dos arquivos da família, que já revelava seu espírito combativo ao explicar para o irmão por que desistiu de estudar medicina em prol da filosofia.

CHICLETE O popular historiador Luiz Antonio Simas vai abrir a Flip, como se soube no início da semana, e as editoras não perdem tempo em anunciar novidades do autor. A Bazar do Tempo lança durante a festa seu "Bestiário Brasileiro", livro ilustrado por Bárbara Quintino contando às crianças histórias de criaturas fantásticas e assombrações tupiniquins —a editora, aliás, tem reforçado seu catálogo de infantojuvenis com "Foi! Não Foi!", com poemas de Duda Machado ilustrados por Adriana Calcanhotto, e "A Caminho da Escola", de Henrique Rodrigues com a artista Amy Maitland.

COM BANANA E pela Oficina Raquel, em novembro, o carioca publica "Sete Cordéis Brasileiros", trabalho ilustrado pelo pernambucano Jô de Oliveira. Os textos bebem das mais diversas tradições, ao estilo de Simas, misturando na mesma cumbuca de Pixinguinha à rainha Elizabeth, de Paulo Freire a Maradona.

O PAÍS DO SUINGUE Ainda falando em Flip, a editora Moinhos, que apresentou a mexicana Jazmina Barrera ao país com "Linea Nigra", prepara um novo livro da autora antes da vinda dela a Paraty. "Caderno de Faróis", com tradução da Silvia Massimini Felix, é uma coleção de ensaios, crônicas e relatos de viagem com os mais diversos assuntos que iluminam a vida da autora.

É O PAÍS DA CONTRADIÇÃO Outra autora lançada com fineza pela mesma casa e que deve fazer bonito na Flip, a argentina Gabriela Cabezón Cámara, de "Nossa Senhora do Barraco", passará a ser editada pela Companhia das Letras no ano que vem com "As Meninas do Laranjal".

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O CHARME DESSA NAÇÃO A editora Nós prepara o lançamento de "Os Seus Filhos Depois Deles", romance que rendeu o prêmio Goncourt ao francês Nicholas Mathieu. O livro, que acompanha um grupo de jovens que lidam com a desindustrialização do interior da França, sai em 2025 com tradução de Lucilia Lima Teixeira. O livro ganhou novo impulso agora, quando sua adaptação cinematográfica exibida no Festival de Veneza rendeu o prêmio Marcello Mastroianni ao jovem ator Paul Kircher.

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