Walter Porto: Lendário recluso, Thomas Pynchon vai lançar seu primeiro livro em 12 anos

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Thomas Pynchon continua tão sumido como sempre —é um daqueles escritores anedóticos pela reclusão extrema, até fazendo piada com isso dublando a si mesmo com um saco na cabeça nos "Simpsons". Mas, aos 87 anos, mostra que quem é vivo sempre aparece.

O americano acaba de anunciar, inesperadamente, a publicação de um novo romance chamado "Shadow Ticket", em outubro, depois de 12 anos sem lançar nada. E a Companhia das Letras já adquiriu os direitos para publicar sua tradução —o título em português é algo como "bilhete das sombras"— no ano que vem.

A história faz jus a um escritor célebre por navegar entre o tom conspiratório e o nonsense. Descrito como um noir passado durante a Grande Depressão, acompanha um detetive que, na busca pela herdeira de um império de queijo, se vê enredado numa trama que envolve de nazistas a espiões soviéticos, de músicos de big bands a místicos paranormais.

O autor ganha novos holofotes —para horror de sua introspecção— também pela adaptação para o cinema de "Vineland", sua aventura insana de 1990 rebatizada pelo cineasta Paul Thomas Anderson como "One Battle After Another", com previsão de lançamento para o fim do ano. É o mesmo diretor que já atacou há uma década outro de seus romances, o lisérgico "Vício Inerente".

Ainda que seu séquito de fãs no Brasil seja modesto —ainda que fervoroso—, Pynchon é tido um dos grandes autores americanos do último século. "O Arco-Íris da Gravidade", por exemplo, é considerada uma obra-prima do pós-Segunda Guerra Mundial.

MUNDO TÃO DESIGUAL Quem também está em alta é a gaúcha Eliane Marques, que venceu o prestigioso prêmio São Paulo de Literatura com seu romance de estreia, "Louças de Família", e acaba de publicar "Sílex" pelo Círculo de Poemas. Agora, ela está registrando meticulosamente em diários suas viagens pelo sul do Brasil, na pesquisa de seu próximo livro, já contratado pela Autêntica Contemporânea. "Guanxuma", romance com publicação prevista para 2026, vai mergulhar nas raízes históricas da formação do sul do Brasil, com atenção aos negros escravizados e libertos que moldaram a região.

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TUDO É TÃO DESIGUAL O escritor Tiago Ferro, vencedor do Jabuti por "O Pai da Menina Morta", publica ainda este mês uma coletânea de 27 ensaios de não ficção chamada "Prisão Perpétua", pela Boitempo. Entre pensatas sobre o fortalecimento da extrema direita e a precarização do trabalho, o doutor em história social insere também reflexões sobre grandes nomes da cultura como Chico Buarque, Bob Dylan e Millôr Fernandes —algumas delas originalmente publicadas na Folha. O filósofo Paulo Arantes assina o prólogo e participa do evento de lançamento na Tapera Taperá, em São Paulo, no próximo dia 29.

MILAGRE RISONHO DA SEREIA A dona da editora Mundaréu, Silvia Naschenveng, confessa ter passado por um "surto Donoso", em referência ao romancista chileno José Donoso, um nome importante da literatura latino-americana de meados do século passado que andava bem deixado de lado. A editora acaba de relançar "O Lugar sem Limites", que havia saído pela Cosac Naify, e prepara "O Obsceno Pássaro da Noite", que já foi editado pela Benvirá, além do romance ainda inédito "O Jardim ao Lado" e um volume com os contos completos do escritor, previsto para sair em junho.

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