Vídeo que viralizou no Instagram na última semana engana ao associar lesões cutâneas e ganho de peso com sintomas de diabetes –doença causada pela produção insuficiente ou má absorção de insulina.
Um dos supostos indicativos da doença que o homem fala na gravação são manchas na região da virilha e axila. "Se você tem isso, provavelmente você já está pré-diabética" e "se você tem barriga, você tem resistência insulínica e vai ficar diabética se não perder barriga" são algumas das desinformações ditas pelo autor do vídeo.
Especialistas consultados pela Folha afirmam que, ainda que alguns dos sintomas possam aparecer em pessoas com a doença, eles não são fatores exclusivos da enfermidade, tampouco devem ser usados para comprovar o diagnóstico.
"Da maneira que é colocado no vídeo, parece que a pessoa [que tem um dos sintomas] já tem diabetes ou vai ter amanhã, mas não é bem assim. É preciso investigar e descartar outras hipóteses", explica o médico e diretor da SBD (Sociedade Brasileira de Diabetes) Fernando Valente.
A dermatologista Jade Cury, membro da SBD e professora do departamento de dermatologia da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), explica que mesmo lesões características da resistência à insulina citadas no vídeo, como verrugas no pescoço ou manchas escuras no pescoço, não confirmam o diagnóstico.
"Não são lesões exclusivas da diabetes. Existem formas familiares [genéticas], relacionadas a cânceres. Então, não é sinônimo de diabetes, mas pode indicar resistência insulínica e isso é um fator de risco para diabetes", afirma a médica.
Outros "sintomas" mencionados no vídeo, pequenas manchas vermelhas nos braços e o crescimento de pelos no rosto de mulheres também não têm relação comprovada com diabetes, ainda de acordo com Jade.
O médico Fernando Valente afirma que a maioria das pessoas com diabetes não apresenta manifestações clínicas e, por isso, ela é considerada uma doença silenciosa. "Por isso, todos devem fazer rastreamento a partir dos 35 anos, estando ou não acima do peso, principalmente quem tem fatores de risco, como hipertensão, antecedente familiar, tabagismo e sedentarismo", diz.
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