A candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), à Presidência da República em 2026 é tratada como certa por integrantes do seu entorno. É o caso do vice-governador do Estado, Felício Ramuth, que afirmou em entrevista ao Estadão/Broadcast que a possibilidade “cada dia mais se consolida”.
Apesar de Tarcísio negar publicamente qualquer intenção de disputar o Palácio do Planalto, Ramuth avalia que a conjuntura política poderá empurrá-lo para a disputa. “O cenário político acaba nos levando a caminhos que nem esperávamos ou para os quais não estávamos nos preparando. Isso pode acontecer”, afirmou, durante o programa Papo com Editor.
É a primeira vez que um integrante da cúpula do governo paulista admite, de forma tão direta, a chance de Tarcísio entrar na corrida presidencial. Caso isso ocorra, Ramuth assumiria o governo de São Paulo a partir de abril de 2026.
Apesar da insistência de Jair Bolsonaro (PL) em dizer que será candidato, mesmo inelegível, o próprio vice-governador admite que a situação do ex-presidente pode se agravar à medida que o STF julgar os réus acusados de tentativa de golpe de Estado — entre eles, o próprio Bolsonaro, que virou réu nesta quarta-feira (26) junto com sete aliados.
Ainda de acordo com o Estadão, partidos do Centrão têm pressionado o ex-presidente a se definir até o fim de 2024, para que a direita tenha tempo de consolidar um plano B. Mesmo assim, Bolsonaro insiste que registrará sua candidatura, mesmo impedido pela Justiça Eleitoral. Uma pesquisa feita com apoiadores em Copacabana, durante o ato do dia 16 de março, mostrou que a maioria prefere Tarcísio como o nome da direita para 2026.
Apesar de defender a reeleição em São Paulo, Tarcísio já faz movimentos nacionais e tem mantido certa autonomia em relação ao ex-presidente. Ramuth citou como exemplo as falas recentes do governador em defesa das urnas eletrônicas, classificadas como “referência mundial” — uma posição que desagrada parte da base bolsonarista. “Assim como eu, que fui eleito três vezes por meio delas, ele confia no sistema”, disse o vice.
Ramuth também comentou sobre a movimentação em torno da vice-governadoria. Caso Tarcísio decida disputar a presidência e Ramuth assuma o governo, há pelo menos dois nomes de peso interessados em ocupar a vaga na chapa de reeleição: o presidente da Alesp, André do Prado (PL), e o secretário de Governo, Gilberto Kassab (PSD).
“É natural que outras forças políticas queiram se apresentar neste momento. Tenho certeza de que todos os nomes citados podem contribuir num futuro governo”, afirmou o vice-governador, que disse estar “calmo” e “alegre” com a possibilidade de continuidade.