Valores civilizatórios afro-brasileiros

há 1 dia 1

Analisando o cenário atual da educação brasileira, mesmo com os avanços da legislação e promoção de políticas públicas que versam sobre a inserção do estudo da história e cultura afro-brasileira no currículo escolar, é notório perceber que os entraves do racismo estrutural dificultam o processo de aprendizagem de parcela significativa de estudantes, ou seja, estudantes negros, distanciando-os da vivência em uma sociedade equânime, justa.

Neste contexto, os valores civilizatórios afro-brasileiros, se constituem como pilar fundamental para apoiar a aprendizagem com equidade racial a partir de princípios e normas que evidenciam a luta contra o racismo e a promoção da justiça educacional.

Os valores civilizatórios afro-brasileiro são definidos um conjunto de conhecimentos e características espirituais, intelectuais, materiais, existenciais e subjetivas que estão intrínsecos na nossa cultura e sociedade, os mesmos, se dão pelos conceitos de circularidade, religiosidade, corporeidade, musicalidade, cooperativismo, ancestralidade, memória, ludicidade, energia vital e oralidade.

Princípios fundamentais para formação de identidade dos estudantes negros, reconhecer suas referências históricas e culturais proporcionam conhecimento e legado que desenvolvem sentimento de pertencimento, fortalecimento do sentido de ser e existir, estabelece conexão com seu pares, possibilita a autoestima e principalmente estabelece diversas outras referências na construção e desenvolvimento das habilidades, emocionais, sociais e intelectuais, consequentemente, maior robustez no aprimoramento da aprendizagem escolar.

Reposicionando o estudante negro como protagonista, e ao estudante não negro a oportunidade de reconhecer e valorizar a nossa brasilidade plural, possibilitando diálogos na troca de saberes em uma elaboração epistêmica na construção de uma aprendizagem antirracista.

O racismo estrutural enraizado na educação, produz o distanciamento nos índices de aprendizagens entre estudantes, principalmente entre os estudantes pretos e brancos; na primeira infância, evidencia-se pela perda de oportunidade de desenvolvimento e acesso a direitos, produzindo e difundindo ideias de inferioridade do negro naturalizando a superioridade branca.

A escola é o lugar promotor de conhecimento e ao mesmo tempo local desafiador quando não correlaciona de modo equânime a práxis didática da história e cultura de todos os povos, como organização social, o sentido de coletividade, do sagrado, da construção de um repertório rico em conhecimentos, das diversas estruturas políticas, das relações com a natureza, oralidade, ou seja, através do repertório histórico e sociocultural.

Portanto, redescobrir a importância dos valores civilizatórios afro-brasileiros como premissa à aprendizagem na educação para as relações étnico-raciais, promove inovação e criatividade na transposição didática, na implementação do estudo da história e cultura afro-brasileira no currículo escolar, lei 10.639/03, enriquecendo a experiência educacional de todos os estudantes sobretudo, promovendo uma sociedade mais justa com equidade racial.

O editor, Michael França, pede para que cada participante do espaço "Políticas e Justiça" da Folha sugira uma música aos leitores. Nesse texto, a escolhida por Sueli Lima Nunes foi "Povoada", de Sued Nunes.

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