A colheita avança em mais de 80% da área semeada de arroz, a produção surpreende e fica acima do que se previa inicialmente no Rio Grande do Sul. Principal produtor nacional, o estado deverá ter uma safra recorde, elevando a produção nacional para 12,1 milhões de toneladas.
Sem grande pressão nos preços do cereal e valor elevado do cacau, os supermercados trocam as promoções do ovo de Páscoa pelas do cereal, segundo Vlamir Brandalizze, analista de commodities.
Com a obtenção de safra cheia no Rio Grande do Sul, a comercialização de arroz está lenta. O preço médio da saca do produto em casca fica próximo dos R$ 67, enquanto o produto de melhor qualidade vai de R$ 70 a R$ 73, segundo o analista.
Com os preços internos fracos, o setor busca o mercado externo. Nos nove primeiros dias úteis deste mês, as vendas externas somaram 28,7 mil toneladas do cereal em casca, bem acima das 4.010 de todo o mês de abril de 2024.
Neste ano, as exportações já somam 140 mil toneladas de arroz em casca, também acima das de janeiro a março de 2024, quando atingiram 28 mil, segundo dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior). O ritmo das vendas externas do arroz beneficiado também é acelerado, somando 31,9 mil toneladas neste início de mês. Desde janeiro, são 147 mil.
Os varejistas aproveitam o patamar de preços do arroz para fazer promoções e atrair os consumidores, colocando a saca de cinco quilos de R$ 20 a R$ 28, dependendo da marca. Os produtos de melhor qualidade estão na faixa dos R$ 30, segundo Brandalizze.
A relação de troca entre o preço de arroz e o do ovo de Páscoa nunca esteve tão distante, segundo o analista, o que leva as promoções da semana para o cereal, uma vez que o poder de compra de boa parte dos consumidores está bem distante dos preços recordes do chocolate.
No campo, a saca de arroz em casca está em R$ 76 no Rio Grande do Sul, segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). No final de 2024, estava em R$ 99, mas chegou a R$ 131 no início do ano passado.
SAFRA DE CAFÉ ARÁBICA PODE SUPERAR 40 MI DE SACAS
Há um sentimento de melhora da safra de café, em relação ao que se previa no ano passado, logo após a florada, afirmou o analista do setor Gil Barabach, no 9º Safras Agri Week, evento anual realizado pela Safras e Mercado, realizado nesta terça-feira (15).
Prevista anteriormente em 38,5 milhões de sacas, a produção de café arábica poderá superar os 40 milhões, quando a consultoria terminar o novo levantamento de produção. Já a safra de café conilon, estimada inicialmente em 24,1 milhões de sacas, deverá chegar aos 26 milhões, segundo o analista.
Os preços não devem ter grandes mudanças no curto prazo, principalmente para o café arábica, apesar de o setor estar na boca da safra. O produtor está capitalizado e precisa vender menos sacas para repor custos, uma vez que a relação de troca entre a saca de café e os insumos é favorável ao agricultor.
Se o produtor negocia em ritmo menor, o comprador também está cauteloso, devido a questões financeiras. Uma definição melhor dos preços poderá ocorrer no segundo semestre, quando as perspectivas da próxima safra estiverem mais definidas, afirma Barabach.
A saca de café arábica tem queda de 1,6% neste mês no campo, recuando para R$ 2.481, segundo o Cepea. Já a do café conilon, que está com a colheita mais avançada, caiu para R$ 1.635, uma retração de 16% sobre os valores do final de março.
A pressão do café no bolso do consumidor tem sido grande. Apesar de um ritmo menos acentuado de alta neste mês, o café em pó já acumula alta de 75% nos supermercados nos últimos 12 meses, segundo a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).