Uma em cada 4 adolescentes no mundo sofreu violência física ou sexual do parceiro

há 4 meses 36

Quase um quarto (24%), ou 19 milhões, das adolescentes em um relacionamento terão experimentado violência física ou sexual por parte de um parceiro íntimo até completarem 20 anos. É o que aponta estudo publicado nesta segunda-feira (29) na revista científica Lancet Child & Adolescent Health. Quase uma em cada seis (16%) experimentaram essas violências no último ano.

A pesquisa utilizou estimativas globais, regionais e nacionais de 2000 a 2018 publicadas pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e estimou a prevalência no último ano e ao longo da vida de violência sexual, física ou ambas por parte do parceiro íntimo contra meninas de 15 a 19 anos em 161 países. Esse é o primeiro estudo a fazer essa comparação globalmente.

A prevalência variou muito entre países e regiões, ao longo da vida variando de 3% na Geórgia, no Leste Europeu, a 49% em Papua Nova Guiné, na Oceania. No Brasil, a prevalência média de violência variou entre 15 a 19% ao longo da vida, e 10 a 14% no último ano.

No geral, a prevalência foi maior em países e regiões de baixa renda e renda média baixa, em lugares onde há menos meninas no ensino secundário e onde as meninas têm direitos de propriedade legal e herança mais fracos em comparação com os homens.

Cuide-se

Ciência, hábitos e prevenção numa newsletter para a sua saúde e bem-estar

A análise aponta ainda que o casamento infantil (abaixo dos 18 anos) aumenta significativamente os riscos, uma vez que as diferenças de idade entre os cônjuges criam desequilíbrios de poder, dependência econômica e isolamento social— todos os quais aumentam a probabilidade de abuso duradouro.

"A violência por parte de parceiros íntimos está começando de forma alarmante cedo para milhões de jovens mulheres ao redor do mundo. Dado que a violência durante esses anos formativos críticos pode causar danos profundos e duradouros, ela precisa ser levada mais a sério como uma questão de saúde pública, com foco na prevenção e apoio direcionado", diz Pascale Allotey, diretora do Departamento de Saúde Sexual e Reprodutiva e Pesquisa da OMS.

Com base nas estimativas da OMS, as regiões mais afetadas são a Oceania (47%) e a África Subsaariana central (40%), por exemplo, enquanto as taxas mais baixas estão na Europa central (10%) e na Ásia central (11%).

Os resultados indicam ainda que, na maioria das regiões, a prevalência de violência por parte de parceiros íntimos nos últimos 12 meses foi maior entre adolescentes em comparação com mulheres de 15 a 49 anos (13%).

"Os resultados provavelmente refletem os desafios que as adolescentes podem enfrentar ao sair de relacionamentos abusivos em ambientes com recursos limitados devido ao estigma social e à falta de recursos, apoio familiar e conhecimento ou acesso a serviços de apoio", afirmam os pesquisadores.

Todas

Discussões, notícias e reflexões pensadas para mulheres

Eles enfatizaram ainda a necessidade de promover e garantir políticas e programas que aumentem e garantam a igualdade de gênero.

"Isso significa garantir educação secundária para todas as meninas, assegurar direitos de propriedade iguais entre os gêneros e acabar com práticas prejudiciais como o casamento infantil, que muitas vezes são sustentadas pelas mesmas normas de gênero desiguais que perpetuam a violência contra mulheres e meninas", afirma a autora do estudo, Lynnmarie Sardinha, oficial técnica de Dados e Medição de Violência contra Mulheres na OMS.

Segundo a organização, nenhum país está no caminho certo para eliminar a violência contra mulheres e meninas até o esperado dentro dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável de 2030.

Acabar com o casamento infantil —que afeta 1 em cada 5 meninas globalmente— e expandir o acesso das meninas à educação secundária são fatores críticos para reduzir a violência por parte de parceiros contra adolescentes.

A entidade espera lançar, até o final deste ano, novas diretrizes para a prevenção do casamento infantil.

Como parte da iniciativa Todas, a Folha presenteia mulheres com três meses de assinatura digital grátis

Leia o artigo completo