
(Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre tecnologia no podcast Deu Tilt. O programa vai ao ar às terças-feiras no YouTube do UOL, no Spotify, no Deezer e no Apple Podcasts. Nesta semana, o assunto é: Trump mira China e acerta celular do Brasil; Fim do teste de Turing?; Meta no banco dos réus; Nunca foi tão fácil criar personagens de IA)
O tarifaço de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, pode ter efeitos inesperados e acabar afetando o mercado brasileiro de celulares. Ao mirar países que supostamente têm déficit na balança comercial com os EUA, caso da China, a medida da Casa Branca acabou atingindo a Apple e o iPhone, seu produto mais lucrativo e símbolo do capitalismo.
Para reverter o impacto, o governo norte-americano criou exceções tarifárias para smartphones importados, mas a medida tem caráter provisório. Contudo, o estrago nas cadeias produtivas já está feito e deve refletir no mercado global de smartphones.
O que as tarifas de Trump têm a ver com o iPhone?
O tiro de Trump saiu pela culatra porque a China é o principal pólo de fabricação dos iPhones -e outros países asiáticos também taxados, como Tailândia e Vietnã, são importantes participantes na cadeia de montagem do smartphone. Enquanto é "desenhado na Califórnia", a produção do aparelho da maçã é feita fora dos EUA.
Hoje, é muito difícil a Apple se livrar da China como o seu lugar de produção. E isso traz um desafio muito grande, porque o sonho de Donald Trump é levar a fábrica do iPhone para os EUA
Diogo Cortiz
O desejo de Trump dificilmente será realizado porque os EUA não têm condições de absorver a produção do iPhone, seja pela falta de engenheiros ou pela ausência da cadeia de suprimentos necessários,
Na realidade o jogo é mais bruto do que Donald Trump está vendendo
Diogo Cortiz
O efeito da guerra tarifária tem sido outro. Diante da pressão imposta à China no primeiro mandato de Trump, o que a Apple fez foi investir em produzir na Índia, o que tem sido feito desde 2018. Apesar dos esforços, porém, a produção no país representa menos de 15% do total de iPhones produzidos no mundo. Isso mostra como é difícil mudar a estrutura de produção de uma grande empresa.
Quando a gente analisa a organização Apple e como ela está estruturada na sua cadeia de suprimentos, a gente vê uma situação muito difícil não só para ela mas para esse sonho todo do Trump
Diogo Cortiz
Efeito cascata
A gente está estressando o efeito das tarifas do Trump sobre o iPhone porque estamos discutindo os EUA, mas é bom notar que o mercado de smartphones é global. Ou seja, o que acontece para os EUA - que é um país grande que consegue ditar regras para outros países - afeta o que acontece nessa cadeia que inclusive tem no Brasil um mercado muito grande
Helton Simões Gomes
As mudanças no sistema tarifário impostas por Trump geram incerteza sobre o custo de determinados componentes para os fornecedores, como eles serão repassados e se vão afetar o preço final ou as margens de lucro dos produtos. E isso não afeta só a Apple, mas todos os fabricantes de smartphones que fazem parte dessa cadeia de produção.
A gente tende a achar que os preços do Brasil são influenciados apenas pelo que acontece aqui dentro, mas os preços respondem também ao que acontece em outros países, notadamente de onde vem as empresas que vendem para cá
Helton Simões Gomes
Mesmo que o Brasil não seja o foco direto das tarifas de Trump, o mercado brasileiro responde fortemente ao que acontece na China. Atualmente o país vive uma desaceleração econômica, decorrente da queda do consumo. Os fabricantes, porém, escoam os aparelhos excedentes para outros mercados.
Até quatro anos atrás, três fabricantes respondiam por mais de 80% das vendas no Brasil: Samsung, Motorola e Apple. Além de ter uma ampliação de mercado de pessoas que compram celular, outras empresas vieram para cá, sobretudo as chinesas. Das 14 fabricantes mapeadas, sete delas chinesas
Helton Simões Gomes
Clandestinos em ascensão
Segundo analistas e executivos do setor, estima-se que o fluxo maior de aparelhos chineses importados para o Brasil possa alavancar o mercado cinza, que compreende os celulares não certificados pela Anatel (Agência Nacional das Telecomunicações) ou contrabandeados para o país. De acordo com a Abinee (Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica), a cada quatro celulares que circulam no país, um era proveniente do mercado cinza em 2024.
Se sobrar celular na China, pode ser que esse mercado cinza exploda no Brasil. Com isso, o preço vai cair um pouco, mas terá repercussões negativas
Helton Simões Gomes
Esse cenário pode fazer empresas que produzem no Brasil e cumprem todas as regras se tornarem menos competitivas.
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DEU TILT
Toda semana, Diogo Cortiz e Helton Simões Gomes conversam sobre as tecnologias que movimentam os humanos por trás das máquinas. O programa é publicado às terças-feiras no YouTube do UOL e nas plataformas de áudio. Assista ao episódio da semana completo.
