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Essa semana marcou os cem anos do nascimento de Truman Streckfus Persons, que ficou conhecido como Truman Capote.
Um dos autores mais aclamados do século 20, ele nasceu numa cidadezinha do estado americano da Louisiana. Seus pais se divorciaram quando ele era garoto e o famoso sobrenome foi herdado do segundo marido de sua mãe, o comerciante José García Capote.
O escritor se tornou um ícone da literatura de não ficção com "A Sangue Frio", narrativa em que usou instrumentos do jornalismo para contar a história da família Clutter, que foi assassinada no interior do Kansas.
Capote leu uma nota sobre o crime no jornal The New York Times e partiu para o lugar, onde foi recebido como um alienígena. Foram seis anos de pesquisas, entrevistas e descobertas. Abertamente gay em um tempo controverso, o autor se apaixonou por um dos assassinos, Perry Smith, e teve que assistir a sua execução para realizar o final do livro.
Como aponta o jornalista Cadão Volpato, a história de como o livro foi escrito daria um outro romance. Depois da obra-prima, Capote nunca mais escreveu mais nada à altura. Condenado ao esquecimento, afundou-se no álcool e nas drogas e morreu aos 59 anos.
Acabou de Chegar
"V13 - O Julgamento dos Atentados de Paris" (trad. Mariana Delfini, Alfaguara, R$ 89,90, 224 págs., R$ 44,90, ebook) conta a história da noite de 13 de novembro de 2015, quando extremistas do Estado Islâmico mataram mais de 130 pessoas num ataque coordenado entre diferentes pontos de Paris. Emmanuel Carrère, "autor propenso a se impor tarefas desafiadoras e transformá-las em literatura visceral", como descreve Walter Porto, escreveu a obra com base no que ouviu em mais de cem sessões de julgamento dos responsáveis pelos ataques terroristas do dia que ficou conhecido como "V13".
"Desejo" (trad. Ibraíma Dafonte Tavares, Vestígio, R$ 72,36, 336 págs., R$ 55,90, e-book) nasceu de uma curiosidade da atriz Gillian Anderson de conhecer o que as mulheres pensavam sobre sexo em sua intimidade. O livro é uma reunião de cartas anônimas que a britânica recebeu após interpretar uma terapeuta sexual em "Sex Education". A jornalista Juliana Nogueira aponta o cuidado da autora de fugir do personagem de terapeuta e mostrar que não tem a menor intenção de analisar as cartas, e sim de veicular os pensamentos mais livres das mulheres.
"O Sonho da Borboleta" (HarperKids, R$ 49,90, 32 págs.) e "Em Cantos" (Leiturinha) são dois encontros literários da escritora Heloisa Prieto e da ilustradora Laurabeatriz destacados pela coluna Era Outra Vez. O primeiro reconta uma história de Chuang-Tzu e o segundo, ainda a ser lançado, narra a história de uma irmã extrovertida e um irmão introvertido com transtorno do espectro autista.
E mais
O sucesso do filme "Ainda Estou Aqui", de Walter Salles, no Festival de Veneza trouxe atenção ao livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva que o originou. A coluna Painel das Letras conta que, além de fechar contrato para lançamento de duas edições estrangeiras da obra, Paiva também escreveu uma espécie de continuação para o livro, ambientada durante o governo Bolsonaro.
Aos 79 anos, o ex-banqueiro e ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles lança "Calma sob Pressão" (Editora Planeta, R$ 59,90, 192 págs.), seu livro de memórias, com prefácio do presidente Lula e do ex-presidente Michel Temer. Entre tantos momentos da carreira e da vida de Meirelles, a repórter Adriana Fernandes traz atenção ao momento em que Lula, no início de seu segundo mandato, recebeu um não depois de pedir um corte de juros ao então presidente do Banco Central.
Mais uma mesa com a ativista indígena Txai Suruí foi acrescentada à programação principal da Flip 2024. A jovem se reunirá com o romancista Pablo Casella, de "Contra Fogo", para levantar maneiras de combater as queimadas e a crise climática que vão além de simplesmente apagar incêndios.
Além dos Livros
O poeta carioca Armando Freitas Filho, autor de uma das obras líricas mais bem consolidadas do país, morreu na quinta-feira (26) aos 84 anos. Vencedor do prêmio Jabuti em 1986 com "3x4", ele terá um livro póstumo, "Respiro", lançado em novembro pela Companhia das Letras. Dono de uma trajetória peculiar, Freitas Filho "caminhou em paralelo a seus contemporâneos da poesia marginal, sem de fato integrar o grupo", com lembra a jornalista Francesca Angiolillo.
Maggie Smith, ícone do cinema, do teatro e da televisão, morreu na última sexta-feira (27). Entre mais de 60 papéis, a atriz marcou as telas na adaptação cinematográfica de "Harry Potter", como a professora Minerva McGonagall, e na série "Downton Abbey", como Lady Violet Crawley. O colunista João Pereira Coutinho, porém, lamenta a tendência de reduzir a carreira de um grande ator morto a seus últimos personagens. Para ele, Smith atingiu o auge de sua carreira com a interpretação da professora Jean Brodie, personagem criada por Muriel Spark no romance "A Primavera da Srta. Jean Brodie". A atuação excêntrica e sexualmente progressista rendeu a Smith um dos dois Oscar de sua carreira.
E Fredric Jameson, um dos mais influentes críticos literários do mundo, morreu no último dia 22. Segundo o jornalista Clay Risen, Jameson ficou marcado por aplicar sua crítica marxista rigorosa e incisiva a tópicos tão amplos quanto a ópera alemã, filmes de ficção científica e hotéis de luxo.