A Nasa trocou nesta terça-feira (11) a cápsula que planeja usar para um próximo voo de rotina para a Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês). A mudança deve permitir antecipar o retorno dos dois astronautas que viajaram para a ISS a bordo da Starliner, da Boeing, em junho do ano passado, para uma missão de oito dias.
A agência espacial americana disse que as equipes responsáveis pela missão optaram por usar a mesma cápsula Crew Dragon, da SpaceX, que já foi utilizada em outras três missões. Antes, a ideia era fazer o voo em uma nova cápsula, cuja produção, segundo a empresa de Elon Musk, foi adiada.
A decisão antecipa o lançamento da missão Crew-10 para 12 de março —a previsão anterior era 25 de março. Segundo a Nasa, ainda é necessário avaliar a cápsula Crew Dragon, chamada Endeavor, com a qual estão contando.
O retorno dos astronautas da Nasa Barry Eugene Wilmore e Sunita Williams depende da chegada à ISS de quatro integrantes da Crew-10. Com o envio deles, é possível manter a equipe americana da estação em níveis normais.
O anúncio da Nasa ocorre dias após Donald Trump pedir a Musk o retorno dos dois astronautas o mais rápido possível. Depois da declaração do presidente, a agência espacial disse que cumpriria a tarefa assim que fosse possível.
Ao anunciar nesta terça a atualização do plano, a Nasa não mencionou que a troca da cápsula tenha sido feita para trazer a tripulação da Starliner para a Terra mais cedo.
"Um voo espacial tripulado tem diversos desafios inesperados", afirmou o chefe do Programa de Tripulação Comercial da Nasa, Steve Stich, em um comunicado, elogiando a SpaceX por sua flexibilidade.
O pedido de Trump a Musk foi uma intervenção incomum de um presidente no cronograma meticulosamente organizado pela Nasa para a ISS e, também, pôs Wilmore e Williams na cena política.
Trump culpou Joe Biden pela situação dos dois astronautas, embora o ex-presidente não tenha tido envolvimento no programa. Musk também culpou o democrata, apesar de se tratar de uma questão amplamente reconhecida como tendo sido causada pela Boeing.
A troca de espaçonaves afeta a missão de astronautas privados Fram2, planejada pela SpaceX. O objetivo era usar a cápsula Endeavor ainda neste ano para uma missão em órbita polar.
"Perdemos o polo Sul na luz do dia", escreveu o comandante da missão, o empresário de criptomoedas maltês Chun Wang, em resposta a rumores sobre a decisão da Crew-10. A missão dependerá de outra Crew Dragon.
A decisão da Nasa também deve impactar a missão planejada da Axiom com o Crew Dragon para um voo com astronautas da Índia, Polônia e Hungria. Procurada pela reportagem, a Axiom, sediada em Houston, que organiza missões de astronautas privados e governamentais usando a Crew Dragon, não se manifestou.
A SpaceX desenvolveu a Crew Dragon com cerca de US$ 3 bilhões em um financiamento do Programa de Tripulação Comercial da Nasa, que visa estimular um mercado privado e reduzir custos.
A Starliner, que voltou à Terra em setembro sem Wilmore e Williams, foi desenvolvida sob o mesmo programa. O projeto da Boeing, no entanto, tem enfrentado problemas com falhas de engenharia.