Estudo coordenado pelo Ministério da Saúde aponta que 28,8% da população brasileira que diz ter sido infectada pela Covid ainda relata sintomas da doença.
Outros 36,4% do grupo que enfrentou o vírus cita que manifestou sintomas pós-Covid no passado. As queixas mais frequentes são de ansiedade, mencionada por 33,1% daqueles que sentem ou sentiram sintomas persistentes da infecção, cansaço (25,9%), dificuldade de concentração (16,9%) e perda de memória (12,7%).
Os dados foram levantados durante a pesquisa "Epicovid 2.0: Inquérito nacional para avaliação da real dimensão da pandemia de Covid-19 no Brasil", conduzido em 133 cidades brasileiras, com uma amostra de 33.250 entrevistas.
"Segundo a pesquisa, os impactos da pandemia são grandes e duradouros, com acirramento de desigualdades históricas em saúde", afirma o Ministério da Saúde. Um dos objetivos da pasta é elaborar políticas direcionadas ao tratamento da Covid longa.
O estudo ainda aponta que 28% da população, ou cerca de 60 milhões de pessoas, relata ter sido infectada pela Covid-19. Além disso, 4,9% diz ter enfrentado a doença duas vezes, e 1,4% afirma que contaminou-se três vezes ou mais.
O grupo que cita sintomas persistentes da Covid alcança 18,9% da população.
Os pesquisadores identificaram que 57,6% da população diz confiar na vacina contra a Covid-19. Ainda relatou desconfiança sobre as informações relacionadas aos imunizantes 27,3% da população.
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O levantamento também avaliou impactos sociais e econômicos da pandemia. As entrevistas foram feitas a partir de visitas domiciliares.
Cerca de 15% dos entrevistados disseram que ao menos um familiar morreu devido à Covid-19.
Ainda relataram redução na renda por causa da pandemia 48,6% dos entrevistados, e 47,4% disseram que a pandemia acarretou insegurança alimentar.
A Epicovid 2.0 ainda apontou que 34,9% da população perdeu o emprego por causa dos efeitos econômicos da crise sanitária. Além disso, 21,5% dos entrevistados relataram ter interrompido os estudos neste período.
O trabalho divulgado nesta quarta é uma continuação da pesquisa aberta em 2020, a Epicovid-19, que foi interrompida ainda no começo da pandemia, por decisão da gestão Jair Bolsonaro (PL).
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, disse que a decisão do governo anterior foi movida pelo "negacionismo". Afirmou que a pasta investiu R$ 8 milhões para a retomada do estudo.
Encomendada à UFPel (Universidade Federal de Pelotas), a pesquisa foi coordenada pelo Ministério da Saúde e envolveu pesquisadores da UCPel (Universidade Católica de Pelotas), a UFCSPA (Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre), a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e a FGV (Fundação Getulio Vargas).