Você também termina todo o mês sem saber para onde foi o dinheiro e, no fim, culpa o cartão de crédito? Ao contrário do que muitos acreditam, o cartão pode ser seu aliado no controle das finanças. O problema não está no cartão, mas em como ele é usado. Com uma estratégia simples, você pode transformar o cartão em uma ferramenta poderosa para organizar suas despesas e monitorar seus gastos, mantendo seu orçamento dentro do planejado.
Veja este exemplo. Uma pessoa que recebe R$ 5.000 de salário bruto, após o desconto de cerca de 10% do Imposto de Renda, fica com R$ 4.500 líquidos. Antes de gastar, é essencial reservar 10% desse valor para investimentos ou uma reserva de emergência. Isso deixa R$ 4.050 disponíveis para as despesas do mês.
Muitas pessoas culpam o cartão de crédito pelo descontrole financeiro, dizendo: "Se não fosse o cartão, eu não teria dívidas." A verdade é que, muitas vezes, ele não está sendo usado corretamente. Hoje, é fácil ter cinco ou mais cartões. Você pode pensar que isso aumenta os gastos, mas a chave é dar uma função específica a cada um.
Divida suas despesas em cinco categorias, cada uma com um cartão com nome e limite na despesa estimada. Usando os grupos do IBGE: um cartão para habitação, artigos de residência e comunicação (24% do orçamento), outro para alimentação (21%), um para transporte (21%), um para saúde, cuidados pessoais e educação (19%) e o último para serviços, lazer e vestuário (15%). Assim, você monitora seus gastos com clareza, verificando, antes do fim do mês, em qual categoria excedeu o orçamento.
Trabalhe com seus cartões como uma empresa com seu orçamento, estabelecendo limites claros. Isso lhe dá controle e permite identificar onde está o verdadeiro problema. O cartão não é o vilão; o descontrole vem, muitas vezes, dos impulsos de compra. Pequenos gastos acumulam-se e prejudicam o planejamento.
Com essa estratégia, você terá mais clareza sobre quem é o verdadeiro culpado. Controlar impulsos é crucial para manter o orçamento sob controle. Muitas vezes, são as pequenas compras que destroem o planejamento, e essa divisão de gastos permite que você veja, em tempo real, onde pode estar exagerando.
Além disso, mantenha a disciplina de separar em uma conta distinta os 10% do salário para investimentos assim que ele cair na conta. Isso protege seu futuro e cria o hábito de poupar antes de gastar. É um passo simples, mas essencial para a estabilidade financeira.
Revisar o orçamento periodicamente também é essencial. A vida muda, e com ela suas necessidades financeiras. Ajustar os limites dos cartões a cada três ou seis meses garantirá que você continue alinhado com seus objetivos e prioridades. Isso vai além de evitar surpresas no fim do mês: é uma forma de fazer seu dinheiro trabalhar a seu favor.
Usar o cartão de crédito com sabedoria, dividindo as despesas e controlando os impulsos, transformará o que antes parecia um vilão em um aliado para suas finanças. O resultado será mais controle, menos estresse e um futuro financeiro mais seguro.
Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.
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