Tradicional clube do Bolinha, área de energia adota programas inclusivos

há 3 semanas 2

A presença feminina em posições de liderança ainda é pequena no mundo corporativo, mostram estudos. Empresas de infraestrutura, compostas principalmente por profissões ligadas às exatas, enfrentam mais dificuldades para trabalhar a diversidade, diz Renata Camargo, CEO da consultoria de comunicação inclusiva BlackID. "Mas algumas estão percebendo essa barreira e agindo para superá-la", afirma.

São os casos da Naturgy (antiga Companhia Distribuidora de Gás do Rio de Janeiro) e da Statkraft Energias Renováveis, destaques na categoria Energia do Diversidade nas Empresas, feito pelo Centro de Estudos em Finanças da FGV (Fundação Getulio Vargas), em parceria com a Folha. Ambas ficaram bem colocadas devido à inclusão de mulheres em cargos de alta gestão.

No levantamento, pesquisadores utilizaram dados de 2023 de companhias de capital aberto declarados à CVM (Comissão de Valores Mobiliários). A pesquisa avalia de forma separada empresas de 100 a 4.999 funcionários, como a Naturgy e a Statkraft, e a partir de 5.000. No total, um universo de 418 companhias foi levado em consideração. A diversidade foi mensurada em cargos de liderança, diretoria e conselhos de administração e fiscal.

A Naturgy vem trabalhando para mudar os rostos de seu quadro de colaboradores. Segundo o levantamento FGV/Folha, mulheres formam 75% de sua diretoria. A empresa tem ainda uma presidente mulher, Katia Repsold.

O programa de diversidade interno foi implementado com estratégias voltadas à equidade de gênero em um setor historicamente masculino, diz Fernanda Amaral, diretora de comunicação, relações institucionais e ESG (sigla para boas práticas ambientais, sociais e de governança) da companhia. A partir da consolidação desse trabalho, cujas metas já foram atingidas, teve início uma expansão para outros públicos.

Hoje, temos 70% de mulheres no comitê de direção e cerca de 45% no quadro geral, o que é notável em um setor predominantemente masculino, como o de gás natural

"Acreditamos que a presença de uma presidente mulher desempenha um papel essencial nesse processo, pois sua liderança e visão ajudam a impulsionar a promoção da diversidade e da inclusão como valores centrais dentro da organização", acrescenta Amaral.

Na Statkraft, 57% do quadro diretor é composto por mulheres, mostra o levantamento. Norueguesa, a empresa chegou em 2009 ao Brasil, onde tem sede em Florianópolis.

"Dentro dos nossos processos seletivos, buscamos contemplar de forma igual os gêneros. Nosso foco é promover um espaço de trabalho equitativo, contratando as pessoas com o melhor perfil e alinhadas aos nossos valores", diz Simone Sumiyoshi, vice-presidente de pessoas e administrativo.

Entendemos que nossas ações impactam profundamente as pessoas, a sociedade e o meio ambiente. Por isso, trabalhamos para construir um ambiente de equidade e inclusão, onde as oportunidades estejam ao alcance de todos

Pesquisa feita pela consultoria Bravo GRC, especializada em governança, riscos, compliance e ESG, mostrou que as mulheres ocupavam, em média, 20,16% dos postos de gerência no setor de energia elétrica em 2022. Já nos cargos de diretoria, a participação feminina era ainda mais baixa, com uma média de apenas 12,76%.

O estudo apontou também que a inclusão de pessoas negras é um grande desafio para a área. Somente 13,59% delas tinham cargos de gerência e 8,18% integravam diretorias.

"Quando falamos de diversidade, a primeira entrada é o gênero. Ainda estamos trabalhando a pontinha do iceberg, sem pensar na interseção", observa Renata Camargo, da BlackID. "Saímos daquela foto só de homens brancos para a foto de homens brancos com cinco mulheres brancas."

Fundadora e CEO do Instituto Identidades do Brasil, Luana Génot diz que empresas B2C (business to consumer, em inglês), que fazem negócios voltados ao consumidor, são mais expostas à mídia e frequentemente cobradas pelo público e por acionistas. Já as B2B (business to business, em inglês), que atendem outras companhias, têm maior visibilidade entre investidores, mas menos exposição ao público geral.

"Por isso, elas avançam mais lentamente em diversidade e inclusão. Também investem menos nessas áreas em proporção ao que lucram", afirma Génot.

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Ela destaca ainda que as empresas de energia deveriam atrelar pautas de diversidade a questões sociais e de governança. "As organizações podem se questionar: onde vou colocar a planta da minha empresa? É em uma área indígena ou quilombola? O setor hoje pensa em energia limpa, em eficiência energética, mas não liga muito para quem será afetado ou não."

Saiba mais sobre as empresas de destaque na categoria Energia

As notas de participação feminina e de pretos, pardos e indígenas, que vão de 0 a 100, foram calculadas levando em consideração a presença dos grupos em cargos de alta e média liderança. Os autores do estudo deram pesos diferentes para cada uma das categorias analisadas: enquanto diretoria e conselho de administração têm peso maior, uma vez que os membros têm maior poder decisório, a média liderança e o conselho fiscal têm peso menor.

  • Empresas de 100 a 4.999 funcionários

NATURGY
Fundação 1854
Funcionários não informado
Participação de pretos, pardos e indígenas 10,30
Participação feminina 37,08
Também levou nas categorias Sudeste

STATKRAFT ENERGIAS RENOVÁVEIS
Chegada ao Brasil 2009
Funcionários 233
Participação de pretos, pardos e indígenas 0,73
Participação feminina 46,61
Também levou nas categorias Sul

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