Tarifaço pode deixar mais café no Brasil, mas não vai baixar os preços

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Preço do produto no mercado internacional tem oscilado desde o início da política tarifária de Trump. Segundo Marcio Cândido Ferreira, presidente do Cecafé, a redução na cotação na Bolsa de Nova York (referência para o mundo todo) chega a 15% desde o anúncio do tarifaço. Só que a valorização do produto nos últimos meses foi extremamente elevada. "A matéria-prima chegou a ter um aumento de 150%, mas isso não foi repassado totalmente aos lojistas e consumidores mundiais", conta. Esse fenômeno pode ter sido causado pelo fundo especulativo, que compra várias commodities e "as estoca" para revender em um momento oportuno.

Por isso, Ferreira não acredita na redução de preços tão cedo. Fora essa própria estabilização do mercado, que precisa avaliar como será de fato a política tarifária de Trump, é também necessário observar a movimentação dos demais países. "Acredito que o Brasil vai manter a parcela de mercado que ocupa, podendo até ampliar, se as tarifas ao Vietnã, por exemplo, forem mantidas", afirma. O país asiático foi taxado em 46%, apesar de estudar zerar as tarifas cobradas a produtos americanos, em uma tentativa de sensibilizar Trump.

Argumento de que tarifas servem para aumentar a produção dos EUA não vale para o café. Afirmação é do diretor-executivo da Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café), Celírio Inácio. Ele conta que os EUA sempre dependerão dos países produtores de café para abastecer o mercado interno. "Diante de uma decisão tão generalizada, onde, aparentemente, o Brasil foi beneficiado, é necessário refletirmos com calma sobre produção, consumo e mercado global, uma vez que o café sofre uma pressão muito grande pela demanda, que está mais alta, e tem sofrido com os efeitos climáticos adversos", disse.

Então, quando o café deve baixar?

Isso não deve acontecer tão cedo. Há uma trinca de fatores que permite essa análise, segundo os especialistas ouvidos pelo UOL: a atuação do fundo especulativo, a estabilização do cenário econômico pós-tarifaço e o equilíbrio da produção mundial.

Preços não estão elevados apenas aqui no Brasil. A ampliação do consumo do café na Ásia acabou por gerar uma "defasagem" em relação ao que é produzido no mundo. O diretor-executivo da Abic ainda levanta outra possibilidade, baseado no tarifaço: "Se não houver, por exemplo, motivação por parte da Indonésia e do Vietnã para seguir produzindo café devido à taxação, como fica o abastecimento mundial? Isso sem falar ainda na importância da economia do café para esses países", questiona.

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