Softbank aposta na OpenAI, a era dos carros-computadores e o que importa no mercado

há 6 meses 10

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Softbank, o novo sócio da OpenAI

O grupo de investimentos japonês SoftBank, conhecido por seus aportes arriscados em startups, está planejando investir US$ 500 milhões (R$ 2,47 bilhões) na OpenAI, criadora do ChatGPT.

Esse valor é apenas uma parte dos US$ 6,5 bilhões (R$ 32,13 bilhões) que a empresa de IA (inteligência artificial) busca levantar no mercado. As informações foram divulgadas pelo site The Information.

Expansão. Na OpenAI, o objetivo é usar o dinheiro para crescer e manter a liderança no setor, se distanciando de concorrentes como o Google.

Semanas atrás, a empresa lançou um novo modelo de IA, que promete "raciocinar" sobre temas complexos. Expliquei nesta edição da newsletter.

SoftBank. No grupo japonês, o investimento na tecnologia tem crescido, sendo visto como uma maneira mais certeira de alcançar retornos.

O grupo tem dois grandes fundos de venture capital (capital de risco): o Vision Fund 1 e o Vision Fund 2. Entenda os termos do universo das startups aqui.

Alguns investimentos feitos nos anos de ouro das startups, até 2022, pareciam ter ótimas perspectivas para o grupo, mas resultaram em prejuízo.

↳ Um dos casos foi o da empresa de coworking WeWork, que recebeu bilhões do SoftBank, alcançou um valor de mercado de US$ 47 bilhões (R$ 231,02 bilhões), mas agora enfrenta uma crise.

Interesses. A entrada do fundo na OpenAI é vista como estratégica para apoiar outra startup com dinheiro do Softbank, a fabricante de chips Arm Holdings.

O SoftBank também estaria interessado em um projeto de dispositivo físico da OpenAI, que está sendo desenvolvido em segredo pelo ex-designer da Apple, Jony Ive.

↳ Até agora, os fundos japoneses não haviam investido na OpenAI, mas sim em um de seus concorrentes, a Perplexity.

Avaliação. Com o aporte, a OpenAI visa alcançar um valor de mercado de pelo menos US$ 150 bilhões (R$ 737,9 bilhões), consolidando-se no trio de startups mais valiosas do mundo.

Atualmente, o valor de mercado das startups mais valiosas, segundo a CB Insights, é:

  • 1º lugar: ByteDance, dona do TikTok, estimada em US$ 225 bilhões (R$ 1,11 trilhão);
  • 2º lugar: SpaceX, com US$ 200 bilhões (R$ 983,9 bilhões);
  • 3º lugar: OpenAI, avaliada em US$ 80 bilhões (R$ 393,5 bilhões).

Dólar sobe, mas cai

O dólar fechou em leve alta nesta segunda-feira (30), a R$ 5,448, mas encerrou o mês de setembro em baixa, desvalorizando 3,28%.

Entre os motivos para a alta no dia estão a maior demanda típica do último pregão do mês e as incertezas sobre a queda dos juros nos Estados Unidos.

Sinais opostos? A moeda americana perdeu força globalmente em setembro após o banco central dos Estados Unidos cortar as taxas de juros, à medida que os dados mostraram uma desaceleração da inflação no país.

Os juros caíram da faixa entre 5,25% e 5,50% para o intervalo entre 4,75% e 5%.

Sim, mas... O presidente da instituição, Jerome Powell, sinalizou nesta segunda que o ritmo de cortes de juros não deve se manter em 0,50 ponto percentual nas próximas decisões. O resultado foi uma valorização do dólar.

Dados do mercado de trabalho americano, a serem divulgados na próxima sexta-feira, devem ajudar a ajustar essas expectativas.

Entenda: o dólar tende a cair à medida que os juros nos Estados Unidos também caem, já que o rendimento de investimentos atrelados à renda fixa americana diminui.

Isso leva operadores a retirarem investimentos de lá e buscarem melhores retornos, inclusive em países emergentes como o Brasil.

Vai cair mais? O preço do dólar também é influenciado por fatores internos no Brasil.

Juros altos por aqui, em tese, deveriam fortalecer ainda mais a nossa moeda, mas sinais de aceleração da inflação e preocupações com as contas públicas são vistos como obstáculos.


Carro, seu novo computador

As marcas de automóveis mudaram seu foco em inovação tecnológica nos últimos anos. Em vez dos motores, são os softwares para carros que agora recebem os investimentos.

Modelos elétricos e híbridos, assim como as redes de internet 5G, abriram caminho para veículos que se assemelham mais a computadores.

Entenda: além de melhorar funções básicas, os softwares podem gerar mais receita a partir da coleta de dados dos usuários e serviços de assinatura.

Hoje, esses serviços geram cerca de US$ 300 milhões (R$ 1,6 bilhão), ou 3% das receitas globais das montadoras, de acordo com a consultoria Accenture.

↳ O valor pode chegar a US$ 3,5 trilhões (R$ 19,3 trilhões) em 2040, representando quase 40% das receitas.

Corrida tecnológica. Nessa disputa pelo veículo do futuro, as grandes fabricantes têm ficado para trás no desenvolvimento dos sistemas digitais.

Um levantamento da consultoria Gartner mostra que apenas três montadoras tradicionais —Ford, GM e BMW— estão entre as dez primeiras nessa área.

O segmento é dominado pelas chinesas Nio, Xpeng e BYD, além de americanas como Tesla, Rivian e Lucid.

↳ A montadora de Elon Musk foi a pioneira em criar uma proposta de direção integrada a softwares, que auxiliam o motorista com direção autônoma e analisam com precisão as condições do carro.

↳ Nesta semana, a BMW lançou um novo modelo de SUV que promete modos avançados de direção e até controle remoto via celular. A Folha testou a direção.

Tarefa difícil. Reportagem do Financial Times aponta que um dos desafios para as montadoras é cultural, além do retorno financeiro.

As empresas tiveram que absorver talentos de startups e grandes grupos de tecnologia, como Apple e Google, o que causa choques internos.

Analistas do Goldman Sachs estimam que o custo de desenvolver um sistema operacional para veículos é de pelo menos US$ 11 bilhões (R$ 60 bilhões).

Veja abaixo em que pé estão algumas iniciativas:

Toyota. A montadora japonesa criou uma subsidiária, batizada de Woven, e tem lutado contra os prejuízos que totalizaram US$ 888 milhões (R$ 4,9 bilhões) nos últimos dois anos.

A contratação do ex-executivo do Google James Kuffner como conselheiro sênior do grupo é uma aposta para garantir o lançamento do seu novo software em 2025, chamado Arene.

Volkswagen. A gigante alemã decidiu recorrer a uma parceria bilionária com a americana Rivian depois de enfrentar problemas na sua unidade interna de softwares, batizada de Cariad.

Volvo. No caso da empresa sueca, de propriedade da chinesa Geely, um SUV elétrico com software próprio e chips Nvidia foi lançado, mas atrasos no desenvolvimento levaram a empresa a criar uma versão mais simples que o desejado.


Dica de carreira

Sustentabilidade em alta no mercado de trabalho

Folha Carreiras

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A crise climática que atinge o mundo com altas temperaturas, secas e chuvas extremas mobiliza o setor público e privado para a contratação de especialistas na área.

A preocupação com o meio ambiente abre espaço no mercado de trabalho para profissões relacionadas à sustentabilidade.

A newsletter FolhaCarreiras desta semana explica a atuação de cinco áreas que vivem um momento positivo no Brasil:

São elas: engenharia ambiental, gestão ambiental, planejamento urbano, especialistas em solo e em energias renováveis.

↳ Os salários variam, mas a média no início de carreira pode alcançar os R$ 10 mil.

Onde se graduar: as profissões, em geral, requerem ensino superior e/ou especialização. Há cursos de graduação focados diretamente em engenharia e gestão ambiental, por exemplo.

Já as carreiras de planejamento urbano, especialistas em solo e energia renovável aceitam formações de outras áreas, sendo multidisciplinares.

Nesses casos, a pós-graduação, cursos livres e a própria experiência no currículo ajudam a formar o profissional. Veja mais detalhes na edição.

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