Setor de cartões quer antecipar proibição de crédito para bets e cobra restrições ao Pix

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O setor de cartões no Brasil discute antecipar a proibição da modalidade crédito no pagamento a bets. Por determinação do Ministério da Fazenda, esse pagamento nas plataformas de apostas esportivas será inutilizado em janeiro, mas a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) e, agora, a Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços, que inclui Elo, Visa, Mastercard e Amex) defendem que esse veto aconteça já em 2024, de modo a evitar o crescimento da inadimplência.

"Nós tivemos uma reunião ontem, na qual o tema foi discutido. A preocupação é imensa. Todos estão favoráveis [à proibição] e disponíveis para auxiliar. Como é pequeno o volume, eu não vejo nenhum grande obstáculo [em proibir]. Temos uma reunião extraordinária na segunda (30) a vou até colocar essa proposta", diz Ricardo Vieira, vice-presidente executivo da Abecs.

Apesar de a intenção em antecipar a proibição do cartão de crédito ser compartilhada por bandeiras e bancos, se aprovada, ela não seria imediata, pois seria necessária uma revisão nos contratos, com possível quebras de cláusulas.

Há, no entanto, iniciativas no mesmo sentido do lado das empresas de apostas, o que poderia facilitar a proibição antecipada. A ANJL (Associação Nacional de Jogos e Loterias), que representa grandes nomes do setor, como GaleraBet/PlayTech, Big Brazil, F12, PagBet, BetNacional, Mr. Jack, Parimatch, BetFast, Aposta Ganha e 1xBet, já disse que essas casas devem bloquear a partir de 1º de outubro o uso do cartão de crédito.

A Abecs ainda não tem um levantamento formal sobre o uso de cartões de débito e de crédito em bets, mas seus associados estimam que ele esteja perto dos 3% estimados pela ANJL. O restante seriam pagamentos via Pix.

"Nós fizemos uma estimativa junto aos presidentes das bandeiras e, apesar de eles não abrirem mão dos seus segredos comerciais, todos unanimemente disseram que a comparação entre o volume para bets com o volume total transacionado é extremamente inexpressivo", disse Vieira.

Apesar desse registro ser pequeno, o uso de crédito em bets pode ser maior, via Pix no crédito ou via carteiras digitais, cujo valor é cobrado no cartão de crédito.

"Todo mundo associa o Pix a fazer uma transferência com o dinheiro que eu tenho, mas se você não tem dinheiro, entra no cheque especial. Muitos bancos têm linhas de crédito atreladas ao Pix", afirma Vieira.

A Abecs defende que essas demais modalidades também sejam proibidas a partir de 2025.

"O superendividamento é ruim para para o país e para o negócio de cartão. Um cliente superendividado é um cliente que você perde", diz o executivo da Associação.

Segundo Vieira, o pedido já foi levado aos órgãos reguladores.

Folha Mercado

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Por enquanto, não se observa um aumento no endividamento por conta das bets. Em cartão de crédito, os atrasos acima de 90 dias seguem em 3%. Porém, caso ocorra um aumento no endividamento, o custo do crédito pode ficar mais caro e os juros ao consumidor subiriam, diz Vieira.

"Temos um caso de sucesso que é o Pix, e parece que o blindamos de aperfeiçoamentos. Quando ele acessa limites de crédito, tem que ter uma política de crédito", completa o executivo.

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