Se tem, não venda, se não tem, está na melhor hora de comprar

há 2 meses 1

Tem anos que até o verão parece inverno, com dias nublados e chuvas que não acabam. Mas ainda assim, é a estação que mais traz calor e luz. O mercado financeiro também tem seu "verão" particular. Mesmo que alguns dias de novembro e dezembro sejam "friamente" negativos, a tendência é que, ao longo dos anos, esses meses tragam mais luz do que sombra. Se a bolsa fosse um clima, o bimestre final seria aquele período em que, mesmo com trovoadas ocasionais, você pode sair de casa sem casaco e aproveitar o sol.

Ao observar os últimos 29 anos, o cenário fica claro: novembro e dezembro acumulam o maior número de retornos positivos. Em 21 desses anos, o bimestre terminou com ganhos. Ou seja, em 76% das vezes, o Ibovespa subiu nessa época, um desempenho que faz desse período o "verão" dos investimentos. E assim como o sol que volta a brilhar depois da tempestade, esses meses parecem trazer uma luz renovada, mesmo nos anos em que o mercado passou por momentos difíceis.

No ano passado, por exemplo, o retorno do bimestre respondeu por 83% do retorno do ano. Portanto, quem não estava nesse bimestre final, teve retorno de menos de 4% em 2023, enquanto quem estava apenas nesses dois meses ganhou quase 19%. A tabela abaixo mostra os retornos mensais do Ibovespa nas últimas três décadas.

É verdade que a Bolsa, assim como o clima, é cheia de surpresas. Nem todo novembro e dezembro vão ser quentes, e alguns anos podem trazer uma frente fria inesperada. Mas, historicamente, esse bimestre tem uma sazonalidade forte. Da mesma forma que a gente espera calor em janeiro, muitos investidores esperam por uma alta no final do ano. Ao longo de décadas, esse padrão se repetiu, mesmo com oscilações.

Outro dado que reforça essa tendência é o retorno médio desses meses. Ao longo das últimas três décadas, novembro tem um retorno médio de 3,64%, e dezembro, 3,14%. Esses números são muito superiores à média de 1,25% dos outros meses. Se o ano todo fosse como o último bimestre, o Ibovespa seria sempre uma praia ensolarada. É um período com um desempenho muito mais expressivo que o restante do ano.

Para o investidor que já está posicionado, o histórico sugere que vender antes desse bimestre pode não ser a melhor decisão. É como sair da praia justo quando o sol está se aproximando do ponto mais alto. Já para quem ainda não investiu, o período logo anterior ao último bimestre tem sido historicamente um dos melhores momentos para entrar. Claro, sempre há riscos, e o sol pode queimar se você ficar exposto por muito tempo sem cautela. Mas os números falam por si, e o verão do mercado tende a ser o mais favorável do ano.

Porém, é importante lembrar: investir em Bolsa é como enfrentar o mar. Alguns dias as ondas estão calmas, outros, podem ser traiçoeiras. Nem sempre esse comportamento vai se repetir, e o risco de perda é real. Por isso, antes de tomar qualquer decisão, é fundamental entender o seu perfil de investidor. Se você não aceita bem a ideia de perder uma parte do seu capital, talvez seja melhor ficar na areia, observando as ondas de longe. Mas, se o seu perfil tolera esse tipo de risco e entende o comportamento sazonal do mercado, este pode ser um dos melhores momentos para aproveitar as oportunidades.

No fim das contas, se você já tem o ativo, vender agora pode não ser uma boa ideia. E se não tem, talvez esteja na hora de colocar os pés na água. Afinal, o verão costuma ser a melhor época para se arriscar um pouco mais, desde que você esteja preparado para encarar algumas ondas mais fortes.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

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