Saudi Aramco investe na produção de lítio para entrar na corrida de suprimentos

A Saudi Aramco vai expandir seus investimentos na produção de lítio na corrida para construir uma cadeia de suprimentos para o metal, que é vital para fabricar baterias que alimentam carros elétricos.

A China controla cerca de dois terços do mercado de processamento de lítio, mas um número crescente de empresas ocidentais e do Oriente Médio vem investindo no desenvolvimento de suas próprias linhas de produção.

A maior petrolífera do mundo pretende produzir comercialmente o metal em um projeto conjunto com a mineradora estatal Ma’aden até 2027, como parte de movimentos mais amplos para se tornar um centro de mineração e diversificar o seu campo de atuação.

"Esperamos que esta parceria aproveite a principal empresa de exploração do mundo, com o objetivo de atender à demanda projetada de lítio do reino [da Arábia Saudita] e, potencialmente, do mundo", afirmou Nasser al-Naimi, presidente de exploração e produção da Saudi Aramco.

A empresa afirmou que a demanda por lítio na Arábia Saudita deve crescer 20 vezes entre 2024 e 2030, contribuindo para uma estimativa de 500 mil baterias de veículos elétricos e 110 gigawatts de fontes de energia renovável.

O ministro da indústria e recursos minerais, Bandar Alkhorayef, já havia dito ao Financial Times que o país tem planos para refino e exportação de lítio. "A Arábia Saudita está muito bem posicionada no processamento devido à mistura que temos, começando pela competitividade energética e ótima infraestrutura em termos de cidades industriais e portos", disse.

Embora uma queda brutal nos preços do lítio devido ao excesso de oferta tenha dificultado a competição de grupos ocidentais com a China, a Arábia Saudita espera usar o seu poder financeiro e expertise química para entrar em um mercado que tem potencial para grandes retornos.

A demanda global por lítio deve aumentar sete vezes até 2040 devido aos pedidos de veículos elétricos, de acordo com projeções do cenário Net Zero da Agência Internacional de Energia.

A Arábia Saudita está construindo um centro de fabricação de veículos elétricos na Cidade Econômica Rei Abdullah, na costa do Mar Vermelho.

A fabricante norte-americana de veículos elétricos Lucid Motors, majoritariamente de propriedade do fundo soberano da Arábia Saudita, começou a montar carros no país em 2023.

O PIF (Fundo de Investimento Público) planeja lançar sua própria marca de veículos elétricos e assinou com a Hyundai para construir uma instalação na Cidade Econômica Rei Abdullah.

O país também busca a expansão no setor de mineração e metais como parte de um plano maior para diversificar a economia, na tentativa de encerrar a dependência das receitas do petróleo.

No mês passado, a Saudi Aramco, a Ma'aden e a startup saudita de lítio Lihytec anunciaram a primeira extração bem-sucedida do mineral do país a partir de salmoura de campos petrolíferos.

O mineral é amplamente encontrado na crosta terrestre, mas também está presente nas salmouras que acompanham a produção de petróleo.

"Não vimos realmente a Arábia Saudita desempenhar um papel significativo nos materiais brutos para baterias ou no espaço do lítio em geral até agora", comentou Daisy Jennings-Gray, chefe de preços da Benchmark Mineral Intelligence.

O desafio para novos projetos de lítio, disse ela, é que eles precisam ser verticalmente integrados —onde o produtor tem controle sobre as matérias-primas, distribuição e vendas— para serem economicamente viáveis.

Duas instalações de processamento de lítio estão em fase de planejamento no país. Em 2023, a European Lithium anunciou que construiria uma instalação de hidróxido de lítio, juntamente com o Obeikan Investment Group, que processará rocha de lítio extraída na Áustria.

Já o EV Metals Group está planejando uma instalação de lítio na Cidade Industrial de Yanbu, apoiada pela firma de private equity RCF.

ExxonMobil e Occidental estão trabalhando no desenvolvimento de lítio e a Equinor, da Noruega, comprou no ano passado uma participação de 45% em dois projetos de lítio nos EUA.

As empresas de energia têm sido uma combinação natural para desenvolver a produção de lítio a partir de salmoura porque muitas das habilidades principais usadas para a obtenção de petróleo, como bombeamento, processamento e reinjeção de fluidos no subsolo, são fundamentais para produzir o mineral.

Algumas salmouras de campos petrolíferos, que são produzidas juntamente com petróleo e gás, são naturalmente ricas em lítio.

No entanto, as tecnologias para extrair lítio dessas salmouras, conhecidas como extração direta de lítio (DLE), ainda são incipientes e não foram comprovadas em escala comercial.