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Cuide-se
Ciência, hábitos e prevenção numa newsletter para a sua saúde e bem-estar
São Paulo foi classificada como a metrópole com a pior qualidade do ar no mundo nesta segunda (9) e terça (10). A baixa umidade relativa do ar e o calor, junto a incêndios que continuam a se alastrar pelo país, geram preocupações em relação aos riscos à saúde.
Nesta edição, volto a falar sobre a poluição do ar e como você pode se proteger.
Ar poluído
O assunto de hoje pode não parecer novidade, e não é mesmo. No final de agosto, escrevi sobre os danos dos incêndios florestais ao meio ambiente e à saúde.
A situação não melhorou nas últimas semanas. O excesso de fuligem e gases tóxicos gerados pelas queimadas se somaram à já conhecida poluição atmosférica e trouxeram indicadores ainda piores de saúde para todos.
Nesta terça-feira (10), a cidade de São Paulo foi classificada, pelo segundo dia consecutivo, como a metrópole com o pior ar do mundo, segundo um ranking suíço que classifica 120 grandes cidades. A classificação segue parâmetros de qualidade americanos.
Na região metropolitana de São Paulo, a qualidade do ar nesta terça está entre ruim e muito ruim, segundo a Cetesb, órgão estadual responsável pelo monitoramento dos poluentes atmosféricos.
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Quando a umidade relativa do ar está abaixo de 30%, o acúmulo de poluentes é maior e se concentra em grandes centros urbanos.
Em outros pontos do país, o cenário de fumaça, tempo seco e poluição intensa, vivenciado desde meados de agosto, continua.
Porto Velho (RO) e Rio Branco (AC) foram cidades na região amazônica que também registraram índices de qualidade do ar ruins nos últimos dias.
De acordo com o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), 12 estados estão em alerta laranja devido à baixa umidade relativa do ar, calor e fumaça.
Qualidade do ar e saúde
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), a poluição do ar é classificada como a presença de substâncias tóxicas como gases, fumaça, poeira ou material particulado que podem ser prejudiciais à saúde humana e animal. A principal forma de exposição é pela via respiratória.
Além de provocar danos diretos, como inflamação e ressecamento de olhos e bocas, dificuldade para respirar e dor de cabeça, a poluição do ar também é uma causa geral de mortalidade, e pode agravar condições preexistentes.
Algumas das doenças principais que estão associadas à poluição do ar são AVC (acidente vascular cerebral), doenças cardíacas, como isquemia e arritmias, DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica) e até mesmo câncer de pulmão.
Há também evidências que ligam a poluição do ar ao maior risco de abortamento espontâneo, problemas gestacionais e até mesmo prematuridade.
A saúde mental também pode ser prejudicada. De acordo com um estudo de pesquisadores de Harvard, a poluição do ar aumenta o risco de desenvolver demência.
Como se proteger
No caso da cidade de São Paulo, o Vigiar (Programa de Vigilância em Saúde Ambiental Relacionado a Populações Expostas à Poluição do Ar de São Paulo) lista algumas orientações para a população. Veja:
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Evitar exercícios físicos ao ar livre;
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Umidificar o ambiente por meio de vaporizadores, toalhas molhadas e/ou recipientes com água;
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Permanecer em locais arejados e protegidos do sol;
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Hidratar-se com maior frequência;
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Usar soro fisiológico nas narinas;
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Usar solução lubrificante ocular;
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Evitar aglomerações.
CIÊNCIA PARA VIVER MELHOR
Novidades e estudos sobre saúde e ciência
- Hipertensão arterial cresce em meio a adolescentes nos EUA. De acordo com um levantamento inédito da Associação Americana do Coração, 14,3% dos adolescentes e jovens de 8 a 19 anos nos Estados Unidos têm níveis elevados de pressão arterial, o que pode indicar um risco maior de desenvolver hipertensão. Um segundo levantamento também encontrou que quase um quarto (23%) dos jovens de 18 a 39 anos têm hipertensão, o que é associado a uma alimentação inadequada e determinantes sociais, como pobreza e falta de escolaridade. Os dados foram apresentados na reunião científica da associação que ocorreu em Chicago de 5 a 8 de setembro.
- Novo marcador molecular pode ajudar no diagnóstico de Alzheimer. Pesquisadores da Austrália e França encontraram um potencial biomarcador no sangue que pode ajudar no diagnóstico precoce de Alzheimer. Segundo o estudo, a busca por moléculas inorgânicas químicas (como sais e minerais) em amostras de sangue de dez pacientes com Alzheimer e dez do grupo controle identificou que, nos pacientes com a doença, a quantidade de isótopo de potássio era maior do que nos indivíduos saudáveis, sugerindo um possível indicador molecular do estágio inicial da doença. A pesquisa foi publicada na revista Metallomics.
- Tumor pancreático muda de forma para se tornar mais agressivo. Embora seja um dos mais letais, o câncer de pâncreas pode ser tratado se detectado em estágio inicial. Mas a maioria dos pacientes já detecta o tumor em estágio avançado, onde a chance de sobrevida é de 10%. Um novo estudo feito no Japão encontrou que as células pancreáticas mudam de identidade conforme ficam mais agressivas, o que pode ajudar na detecção precoce do câncer de pâncreas e ajudar no tratamento e prevenção. O artigo foi publicado na revista Nature Cell Biology.