Safra de cana deve cair pelo segundo ano seguido, diz consultoria

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A safra de cana-de-açúcar 2025/26 no centro-sul do país deve ser ligeiramente inferior à atual, devido a impactos como a seca registrada em meados do ano passado e aos incêndios que atingiram lavouras no interior paulista no segundo semestre. É o segundo ano seguido com previsão de redução na moagem.

A estimativa, da consultoria Datagro, foi anunciada nesta quarta-feira (12) durante evento de abertura da safra de cana, açúcar e etanol em Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo), tradicional polo do setor sucroenergético no país.

De acordo com a consultoria, a previsão é que a safra que oficialmente começará dia 1º de abril alcance 612 milhões de toneladas, 1,4% menos que as 621 milhões de toneladas da temporada 2024/25, que terminará no próximo dia 31.

O volume de moagem de cana também é inferior 6,48% às 654,43 milhões de toneladas da safra 2023/24.

"[Os dados mostram que] O setor de açúcar e etanol tem enorme contribuição para a balança comercial, a economia e a redução de preços do açúcar. A safra 24/25 foi impactada por secas e incêndios e parte desses efeitos está sendo carregada para 25/26", afirmou Plinio Nastari, presidente da Datagro.

São Paulo, principal estado produtor, sofreu com incêndios em série entre agosto e setembro do ano passado, especialmente na região de Ribeirão Preto.

Um levantamento feito pela Orplana (Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil) mostrou que foram atingidos 263 mil hectares de cana no interior paulista. Somados às áreas atingidas em Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, mais de 400 mil hectares sofreram efeitos das queimadas, que resultaram em prejuízo de R$ 2,67 bilhões.

Isso fez com que a indústria não conseguisse produzir o açúcar que almejava na safra. O clima também interferiu na moagem no Nordeste do país, desacelerada nos últimos 15 dias, mas neste caso devido às chuvas.

Folha Mercado

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Embora a variação negativa prevista pela Datagro seja pequena, o cenário poderia ter sido pior se não houvesse tido aumento de 0,5% na área plantada de cana-de-açúcar. As chuvas de março e abril são apontadas por Nastari como determinantes para o volume de cana que estará disponível no centro-sul do país, região que concentra a maior parte da produção brasileira.

PESO NA ECONOMIA

De acordo com a Datagro, o agronegócio brasileiro gerou um saldo de US$ 123 bilhões na balança comercial no ano passado, com exportações de US$ 165 bilhões e importações de US$ 42 bilhões.

Sem ele no cálculo, a balança seria deficitária em US$ 64 bilhões, conforme Nastari, e se não existisse o etanol, que evita a importação de gasolina, o saldo seria negativo em US$ 79 bilhões.

Apesar de a próxima safra oficialmente começar em abril, boa parte das usinas já iniciaram a moagem neste mês.

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