O ministro da Casa Civil, Rui Costa, voltou a criticar nesta quinta-feira (5) o mercado financeiro pela reação ao pacote de contenção de gastos elaborado pela equipe do ministro Fernando Haddad (Fazenda).
Além dos cortes, Haddad anunciou o aumento para até R$ 5.000 a faixa de isenção do Imposto de Renda, medida que fez o dólar disparar e ultrapassar a barreira de R$ 6.
O chefe da Casa Civil afirmou que as instituições financeiras estavam "silenciosas" nos anos finais do governo Jair Bolsonaro (PL), citando as movimentações e gastos no ano eleitoral realizados pelo ex-presidente.
"A gente não viu o tal do mercado apontar essa absoluta irresponsabilidade com dinheiro público. Nós estimamos mais de R$ 200 bilhões que foram torrados em 2022 para tentar a eleição do presidente naquele ano. E o mercado absolutamente silencioso e apoiando o discurso vazio e inconsistente do então ministro da economia [Paulo Guedes]", afirmou o ministro.
Rui Costa também questionou as intenções por trás do que chamou um "ataque especulativo contra o Brasil".
As declarações foram dadas durante sessão de abertura do seminário "A Realidade Brasileira e os Desafios do Partido dos Trabalhadores", que está sendo organizado pelo partido em Brasília. Serão dois dias de debates, mas que não contarão com a presença do presidente Lula.
A sessão inaugural também teve a presença da presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), dos líderes do PT e do governo na Câmara, respectivamente Odair Cunha (MG) e José Guimarães (CE); além de prefeitos, vereadores e presidentes estaduais do partido.
Rui Costa também afirmou que o mercado financeiro busca antecipar o debate sobre as eleições presidenciais de 2026, em uma forma de desestabilizar o governo Lula.
"A gente [precisa] fazer disputa da narrativa ocupando cada rádio desse país, cada blog, cada conta de Instagram, Facebook, Tiktok, seja o que for [...] porque o que eles estão fazendo é antecipar as eleições de 2026, trazendo para o presente uma tentativa de desestabilizar o governo", afirmou.
Questionados por jornalistas quem seriam "eles", o ministro disse que talvez seriam os 90% do mercado financeiro que reprovam a gestão de Lula, em referência à pesquisa Quaest divulgada nesta semana.
Rui Costa também questionou os interesses por trás de um ataque especulativo ao Brasil, sugerindo que há objetivos políticos guiando essas intenções.
"Se as pessoas não querem se curvar aos dados e aos fatos, eu só posso supor que tem outros parâmetros com os quais eles estão trabalhando e que eventualmente pode ser um parâmetro político e eleitoral", afirmou o ministro.
"Eles têm o direito de ter, mas isso precisa ser explicitado. Porque se não, não explicita informações técnicas, qualquer um, e eu, tenho o direito de levantar a hipótese de ter uma pretensão política nesse tipo de ato especulativo contra o Brasil", completou.
O ministro também citou que o mercado vem fazendo projeções para os índices econômicos do governo, que depois acabam sendo superadas.
"Para quem dizia que o Brasil ia crescer 1% no ano passado, o Brasil cresceu 3,3%. E no ano passado foi puxado pelo agronegócio. Inicia-se neste ano, as agências do tal mercado [dizendo] que o Brasil vai crescer 1,5%. Estamos em dezembro, e eles são forçados a publicar que o Brasil pode crescer 3,5% neste ano, não mais puxado pelo agronegócio que em função das chuvas e das secas decresceu", afirmou o ministro.