Rock in Rio se une ao Instituto Heineken para promover inclusão digital

há 3 meses 2

Os alunos do projeto , da Central Única das Favelas (Cufa), marcaram presença no Rock in Rio, um dos maiores festivais de música e entretenimento do mundo. A iniciativa, fruto de uma parceria entre o Instituto Heineken, Rock in Rio, Favela Filmes e Cufa, levou jovens talentos das favelas cariocas para uma experiência imersiva no festival, conectando-os ao universo do audiovisual e da inteligência artificial. Com isso, eles reafirmam que as favelas são espaços de inovação e criatividade que merecem visibilidade e investimento.

Débora Freire, coordenadora do Cri.Ativos da Favela e especialista em audiovisual, destaca que talento e criatividade não têm classe social. Segundo ela, oferecer oportunidades aos jovens das periferias é fundamental. "Foi uma honra coordenar esse processo com esses jovens, que são muito talentosos. Eles precisam desse espaço para expressar sua criatividade e mostrar do que são capazes." Débora ainda ressalta que o uso da inteligência artificial no audiovisual é algo recente, e os alunos do projeto estão se antecipando ao dominá-la, adquirindo um conhecimento que muitos profissionais ainda buscam.

No projeto, os alunos aprendem a utilizar a inteligência artificial em diferentes áreas, como áudio, imagem, vídeo e edição. "É preciso treinar a inteligência artificial para facilitar o processo de edição de vídeo, imagens e áudio, na criação de conteúdo e roteiro. Eles aprenderam a aplicar isso no audiovisual, que hoje é algo muito novo", explica Débora. Essa formação coloca os jovens à frente de muitos profissionais no mercado, abrindo caminhos em um setor cada vez mais competitivo e tecnológico.

Para os participantes, essa experiência vai além do aprendizado técnico. Kesselly Pautilio, de 23 anos, moradora do Morro do Dendê, na Ilha do Governador, descreveu sua participação no festival como "mágica". "Entrei com um bloco de notas vazio e saí repleta de aprendizados sobre arte, criatividade, marketing e audiovisual. Nunca imaginei que minha primeira experiência em um evento desse porte seria ao lado de pessoas parecidas comigo, que compartilham histórias e trajetórias semelhantes." A presença de Kesselly e de seus colegas no Rock in Rio não representa apenas um momento; é o início de uma jornada em que esses jovens ocuparão espaços historicamente negados à população das favelas.

O Cri.Ativos da Favela não se resume a uma simples oferta de capacitação técnica. A iniciativa visa criar um ciclo virtuoso, em que talento e criatividade sejam ferramentas de empoderamento. Em um cenário onde a desigualdade é latente e as barreiras parecem intransponíveis, projetos como esse iluminam caminhos possíveis para os jovens das periferias. A parceria entre o Instituto Heineken, Rock in Rio, Favela Filmes e Cufa vai além do óbvio, utilizando a arte como catalisadora de transformações sociais.

Com duração de quatro meses, o curso é dividido em cinco módulos, que vão desde a inteligência artificial aplicada à música e ao audiovisual até mentorias práticas. As aulas ocorrem no Polo de Cinema de Jacarepaguá e na sede da Cufa, em Madureira, ambientes que respiram cultura e inovação. Nesses espaços, os jovens desenvolvem habilidades técnicas e também uma compreensão profunda do poder que a arte tem de transformar vidas e realidades.

Além de adquirir conhecimentos, os alunos têm a chance de desenvolver projetos próprios e montar um portfólio ao longo do curso. Ao menos oito coletivos de audiovisual irão entregar curtas-metragens ao final do processo, provando que a criatividade, quando incentivada, pode florescer em qualquer contexto. Cada produção se tornará uma janela para o mundo, mostrando que as favelas têm muito a dizer e ensinar.

A relevância do projeto é fortalecida pela participação de grandes players do entretenimento, como o Rock in Rio, que já arrecadou mais de R$ 1 milhão em iniciativas sociais. Neste ano, o festival celebra seus 40 anos e contará com jovens do projeto Cri.Ativos da Favela atuando na cobertura do evento. Isso cria uma verdadeira conexão entre música, arte e transformação social, impulsionando esses novos profissionais para o mercado.

Para garantir que os jovens possam se dedicar integralmente ao curso, cada participante recebe uma bolsa mensal de R$ 1.080, auxiliando no transporte e alimentação. Além disso, acompanhamento psicossocial e acesso a equipamentos de ponta tornam o aprendizado mais completo e imersivo, oferecendo todas as condições para que os futuros profissionais possam explorar ao máximo seu talento e construir carreiras sólidas no audiovisual.

Vania Guil, gerente executiva do Instituto Heineken, reforça o compromisso da iniciativa: "Os jovens das favelas do Brasil estão no centro do trabalho de impacto social que desenvolvemos. Somar esforços com parceiros como Rock in Rio, Cufa e Favela Filmes amplia nosso potencial de atuação da forma mais genuína possível. Ver esses jovens ganhando espaço e amplificando a própria voz é a melhor resposta para quem ainda não entende a potência transformadora que vem das favelas."

O projeto Cri.Ativos da Favela se consolida, assim, como um exemplo de como a arte e a tecnologia podem ser aliadas na construção de uma nova realidade. É a cultura popular ganhando voz, o futuro sendo moldado por aqueles que sempre tiveram muito a dizer.

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