Você já saiu de casa num dia incerto, com o céu dividido entre sol e nuvens carregadas, sem saber se deveria levar um guarda-chuva? Decidir como se proteger ou aproveitar as oportunidades em meio à incerteza parece simples, mas é, na essência, o que fazemos ao investir. Escolhemos entre nos proteger ou arriscar, e o desafio está em aceitar que não podemos ter tudo ao mesmo tempo.
Nos investimentos, queremos o melhor de todos os mundos: superar o CDI no curto prazo, capturar ganhos expressivos em ativos de risco no longo prazo e, ainda assim, evitar perdas nos momentos de queda. No entanto, a realidade raramente é tão generosa. Mercados otimistas, onde os ativos só sobem, são exceção e não regra. Se quisermos buscar retornos mais altos com risco, precisamos estar preparados para períodos frustrantes, como ficar atrás do CDI por meses ou até anos.
Imagine alguém que investe em renda fixa conservadora nos últimos 20 anos no Brasil. Essa escolha foi, de fato, a mais sensata no longo prazo, dadas as taxas de juros historicamente elevadas. Mas, ao fazê-lo, essa pessoa abriu mão de surfar as ondas de altas pontuais da bolsa, como as de 2019 e 2020. Para ela, esses períodos foram como ver o sol brilhar sem ter saído de casa. Por outro lado, quem apostou apenas em ativos de risco pode ter vivido a sensação inversa: sair com guarda-chuva em um dia ensolarado, enfrentando longos períodos de retornos abaixo do CDI.
Traçar objetivos claros é essencial para encontrar o equilíbrio entre risco e retorno. Não se trata apenas de números, mas de compreender suas próprias expectativas e limitações. Por exemplo, alguém que deseja construir um patrimônio sólido para aposentadoria pode optar por uma combinação conservadora de renda fixa e ações. Esse equilíbrio permite capturar oportunidades de crescimento sem comprometer a segurança necessária para metas de longo prazo. Entretanto, pode apresentar perda em relação ao CDI no curto prazo.
Precisamos aceitar que cada escolha tem um custo. Optar por uma carteira com risco significa conviver com a volatilidade e ter paciência para colher os frutos no tempo certo. Por outro lado, uma carteira conservadora pode garantir estabilidade, mas também requer resignação em momentos de alta exuberância dos mercados. Em ambas as situações, a chave está em alinhar suas expectativas à realidade do cenário econômico.
Investir não é apenas uma questão de alocação de recursos; é uma jornada de autoconhecimento. Antes de decidir sua estratégia, pergunte-se: qual é o meu verdadeiro objetivo? Posso lidar com períodos de frustração ou prefiro a segurança de retornos consistentes? Assim como escolher levar ou não um guarda-chuva, o planejamento define como você enfrentará as incertezas do caminho.
Por fim, lembre-se: o mercado financeiro é imprevisível, mas suas escolhas não precisam ser. Planeje, ajuste, e esteja preparado para dias de sol, chuva ou ambos. Afinal, o sucesso nos investimentos não está em prever o tempo, mas em estar pronto para qualquer clima.
Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.
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