Republicanos pressionam Trump para manter créditos de energia limpa de Biden

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Um grupo crescente de republicanos e líderes empresariais está se unindo em torno de uma causa improvável. Eles querem proteger os créditos fiscais da era Biden para energia eólica, solar e outras alternativas limpas.

O presidente Donald Trump fez do desmantelamento dos esforços federais para enfrentar as mudanças climáticas uma parte central de sua agenda, eliminando regras ambientais, retendo fundos aprovados pelo Congresso, demitindo funcionários, interrompendo permissões para desenvolvimentos de energia eólica e acelerando projetos de combustíveis fósseis.

Mas os créditos fiscais para energia limpa, que foram sancionados pelo presidente Joe Biden em 2022 como parte da Lei de Redução da Inflação, ajudaram a impulsionar um boom no investimento em manufatura nos Estados Unidos, especialmente em distritos republicanos.

Agora, enquanto Trump pressiona o Congresso para cortar gastos federais a fim de pagar por amplos cortes de impostos, alguns republicanos da Câmara de distritos que receberam bilhões de dólares em investimentos dos créditos fiscais começaram uma campanha para mantê-los.

Os republicanos estão argumentando que apoiar a energia renovável está alinhado com a agenda de "domínio energético" de Trump, apesar do presidente criticar o que ele chama de "novo golpe verde".

Na semana passada, um grupo de 21 republicanos da Câmara escreveu uma carta ao deputado Jason Smith, presidente do Ways and Means Committee [Comitê de Meios e Recursos], pedindo-lhe para preservar os créditos. E, nas últimas semanas, vários grupos de ambientalistas conservadores e líderes empresariais viajaram para o Capitólio para fazer lobby junto aos membros do Congresso sobre o assunto.

"Para cumprir as promessas de campanha do presidente Trump de trazer de volta a manufatura e levar a sério a produção de energia nacional, precisamos adotar uma abordagem abrangente para essas questões", disse o deputado Andrew Garbarino, que organizou a carta, em uma entrevista. "Esses créditos têm ajudado a fazer isso."

Trump não especificou quais dos créditos ele quer eliminar, mas ele fala regularmente sobre revogar a Lei de Redução da Inflação. A Casa Branca não quis comentar.

Os créditos, que oferecem incentivos financeiros para empresas que produzem energia renovável e combustível de aviação sustentável, fabricam componentes para tecnologia limpa e trabalham para remover dióxido de carbono da atmosfera, ajudaram a direcionar bilhões de dólares para a construção de fábricas domésticas nos últimos anos.

Os Estados Unidos registraram mais de US$ 315 bilhões em investimentos em energia limpa no ano passado, de acordo com a Agência Internacional de Energia.

Cerca de 80% dos investimentos vinculados ao projeto de lei foram para distritos republicanos, de acordo com uma análise da Atlas Public Policy. Eles incluem fábricas de baterias no Sudeste, uma mina de lítio em Nevada e parques eólicos no Texas.

No entanto, Trump afirmou que quer desmantelar a Lei de Redução da Inflação, e muitos republicanos no Congresso apoiam a eliminação de todos os incentivos para energia limpa.

Enquanto o Congresso trabalha para aprovar um grande pacote fiscal, o confronto está destacando a política complicada e, às vezes, alianças incomuns da revolução da energia limpa.

Garbarino está entre os muitos republicanos da Câmara que têm sido alvo de uma extensa campanha de lobby nos últimos meses.

Em fevereiro, a Solar Energy Industries Association [Associação das Indústrias de Energia Solar dos EUA] organizou um dia de lobby em Washington, levando representantes de mais de 160 empresas de energia para a cidade.

Após sediar um café da manhã no Capitol Hill Club, um clube social para republicanos, os defensores da indústria de energia renovável se espalharam pelos prédios do Congresso usando adesivos que diziam "Domínio Energético Americano" e apresentavam uma imagem de painéis solares.

Ao longo do dia, o grupo solar e seus aliados se reuniram com funcionários de mais de 60 escritórios congressionais, incluindo 10 membros do Congresso, e entregaram cartas apoiando os créditos fiscais assinadas por mais de 1.850 empresas.

Na semana passada, o Citizens’ Climate Lobby, um grupo sem fins lucrativos, realizou dois dias de eventos no Capitólio.

Após um dia de preparações e treinamento em um Holiday Inn próximo, dezenas de funcionários e voluntários do grupo se reuniram com funcionários do Congresso para discutir os méritos dos créditos fiscais.

Então, após um dia cheio de reuniões, o grupo realizou uma recepção no Barrel, um bar local, onde três membros republicanos do Congresso —Bruce Westerman do Arkansas, Mike Lawler de Nova York e Mariannette Miller-Meeks de Iowa— passaram para receber o "prêmio climático conservador" do grupo.

Empresas de energia também contrataram lobistas republicanos proeminentes nos últimos meses, com algumas pedindo ajuda para preservar os créditos fiscais. E até mesmo algumas empresas de combustíveis fósseis —incluindo a Occidental Petroleum, que tem um negócio crescente de captura de carbono— manifestaram apoio aos créditos fiscais.

É cedo para saber se os esforços de lobby farão diferença. Mas com os republicanos mantendo uma margem estreita na Câmara, a carta de 21 membros apoiando os créditos fiscais tem peso real.

"Qualquer coisa mais do que cinco é suficiente matematicamente para que você possa ter um 'não' no plenário", disse John Miller, analista de energia do TD Cowen, um banco de investimentos. "Eles estão tentando demonstrar de uma maneira muito construtiva como isso pode ser reconfigurado dentro do contexto de domínio energético, o que é útil."

Os defensores dos créditos fiscais argumentam que eliminar os incentivos prejudicaria os consumidores. A carta dos republicanos da Câmara afirma que revogar os créditos fiscais "aumentaria as contas de luz no dia seguinte".

Um relatório da Clean Energy Buyers Association, um grupo comercial da indústria, descobriu que revogar dois dos créditos fiscais "aumentaria os preços médios da eletricidade residencial nos EUA em quase 7% até 2026", resultando em um aumento anual de mais de US$ 110 para o cliente médio.

E muitos membros do Congresso e líderes empresariais estão se esforçando para proteger projetos que já estão em andamento. As empresas planejam grandes investimentos ao longo de horizontes de longo prazo, e muitas estão contando com os créditos fiscais. Eliminá-los da noite para o dia seria disruptivo, dizem os apoiadores, e desencorajaria outras empresas de investir nos Estados Unidos.

"Muitos desses membros têm bilhões e bilhões de dólares investidos em seus distritos", disse Heather Reams, presidente do Citizens for Responsible Energy Solutions, um grupo ambiental conservador que apoia a proteção dos créditos. "Então, estamos olhando para os benefícios que isso está trazendo para os distritos e dizendo: 'Os dólares e centavos somam.'"

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