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Crise na vizinhança
A turbulência política desencadeada pela eleição da Venezuela ameaça ampliar o isolamento econômico do país e fazer minguar ainda mais a produção de petróleo.
O governo de Nicolás Maduro afirma que venceu as eleições presidenciais de domingo, mas não apresentou provas. A oposição discorda, assim como observadores independentes.
Por que importa: para atrair investimentos e recuperar a indústria de petróleo sucateada, a Venezuela depende da retirada de sanções dos Estados Unidos.
Os países se aproximaram nos últimos anos, e os EUA chegaram a permitir investimentos de empresas americanas na Venezuela.
Porém… A proibição da participação da candidata de oposição María Corina Machado no pleito levou à volta das sanções em janeiro. Elas proíbem investimentos de empresas e de países parceiros dos EUA.
Com a falta de comprovação da vitória de Maduro, os americanos deverão manter o bloqueio.
"Cancelados". A alternativa para o regime venezuelano seria captar recursos no mercado financeiro, o que aumenta a dívida externa.
O problema é que o país já deve US$ 150 bilhões a bancos e governos internacionais e está inadimplente. Por isso, o isolamento.
Sim, mas… Os EUA têm interesse em retirar as sanções para que Venezuela aumente a produção de petróleo.
- O país latino-americano produz cerca de 900 mil barris de petróleo por dia. Em 1998, eram 3 milhões.
Por quê? Isso ajudaria a tornar o mercado menos dependente de países do Oriente Médio.
↳ Qualquer mudança da produção na região ainda mexe com o preço do petróleo global.
↳ Essa dependência, porém, já foi mais forte. O crescimento da produção dos EUA, da Guiana e do próprio Brasil nos últimos anos ajudou a diminuir o poder dos países árabes.
Falando dele… O Brasil tem hoje uma relação comercial pequena com a Venezuela. Exportamos principalmente carne animal e óleo de soja.
↳ O país está apenas em 47º lugar no ranking de nossos maiores clientes. Em 2007, antes da crise, estava em 6º lugar.
↳ Os três maiores importadores de produtos brasileiros são a China, os Estados Unidos e a Argentina.
O fortalecimento das relações com a Venezuela é defendido pelo presidente Lula, que tem uma agenda de integração regional. Até a noite desta segunda, o governo brasileiro não havia se pronunciado oficialmente sobre as eleições.
Big Mac em baixa
O McDonald’s está vendendo menos hambúrgueres no mundo.
A receita dos restaurantes somou US$ 6,49 bilhões (R$ 36,5 bilhões) no último trimestre, valor 1% menor que o do trimestre anterior. A queda é a primeira registrada desde a pandemia.
↳ A variação das vendas é considerada pequena, mas repercutiu fortemente no lucro, que caiu 12%.
Entenda: a avaliação da companhia americana é de que os consumidores estão menos dispostos a comer fora de casa depois que a empolgação de ir às ruas pós-pandemia diminuiu. Outra explicação é a alta dos preços.
↳ O sanduíche Big Mac, por exemplo, subiu 27% desde 2019 nos Estados Unidos. O preço hoje é de US$ 9,29 (em torno de R$ 50).
Tudo caro. A alta do Big Mac supera a da inflação média dos EUA, que soma 22% desde o início da pandemia.
O McDonald’s e seus concorrentes estão oferecendo descontos para atrair os clientes. A rede tem 40 mil restaurantes em mais de cem países e cerca de 41% da receita vem dos EUA.
↳ Uma promoção que reúne um sanduíche, nuggets, batatas fritas e bebida por US$ 5 (cerca de R$ 28) aumentou o fluxo no último mês.
Relembre: a partir de 2021, com um fim dos lockdowns pelo mundo, os preços iniciaram uma alta generalizada. Entre as causas:
- Fábricas que tinham sido paralisadas não conseguiram retomar a produção de antes;
- Houve uma disparada do preço do petróleo, que elevou o custo dos combustíveis;
- Governos se empenharam numa forte ajuda financeira à população, estimulando o consumo.
Remédio amargo. Para controlar os preços, os bancos centrais dos países iniciaram um movimento de alta dos juros. No Brasil, o ciclo de cortes foi interrompido em junho. Nos Estados Unidos, ele nem começou.
O Banco Central do Brasil e o banco central americano (FED) têm reuniões na próxima quarta-feira (31). A expectativa é de que a instituição americana indique o início dos cortes em setembro.
A inflação já dá sinais de estar controlada nos EUA. Após disparar quase 30% desde a pandemia, a tendência é que o preço do Big Mac se estabilize.
Hora do pente-fino
Cerca de 800 mil beneficiários temporários do INSS estão na mira de uma revisão dos pagamentos. Os trabalhadores que recebem o antigo auxílio-doença começarão a ser convocados em agosto para o pente-fino.
O governo vai conferir se as pessoas têm direito ao recebimento. O valor pago costuma ser de 91% do salário médio do trabalhador ao longo da vida.
↳ A revisão terá foco em benefícios com mais de dois anos de concessão.
↳ O INSS já encerrou 37 mil benefícios e suspendeu outros 20 mil em 2024.
O que fazer: ao ser convocado pelo INSS, o beneficiário tem o prazo de 30 dias para enviar os documentos pessoais. O agendamento da perícia médica deve ser feito pelo site, no aplicativo Meu INSS ou pelo telefone 135. Veja aqui mais detalhes.
↳ A perícia avaliará se o beneficiário permanece incapaz para o trabalho a partir de laudos médicos, exames e prescrições atualizadas.
Por que importa: a medida foi proposta pelo governo Lula em busca de uma economia bilionária para cumprir a meta das contas públicas do próximo ano.
A revisão poderia ajudar a enxugar o orçamento em R$ 25 bilhões. O valor, no entanto, é considerado pouco por economistas.
↳ Já para cumprir a meta deste ano, o governo fará um congelamento das despesas de R$ 15 bilhões.
Os gastos com a previdência subirão de R$ 914 bilhões neste ano para R$ 981 bilhões em 2025. Mas as contribuições das empresas e funcionários somarão "apenas" R$ 709 bilhões, causando um déficit de R$ 272 bilhões no ano.
Dica de carreira
Consegue desconectar do trabalho? De verdade? Veja como escapar do ‘FOSO’
Checar um e-mail depois do expediente, mandar uma mensagem a um colega no fim de semana, adiantar uma tarefa no domingo... Já se viu em alguma dessas situações?
↳ Quem não se desconecta do trabalho pode estar vivendo o "FOSO", ou "fear of switching off" (medo de se desconectar, em português).
Entenda. O fenômeno ocorre quando as pessoas continuam ligadas no trabalho, mesmo em momentos de descanso, como feriados, fins de semana e férias.
O termo remete a outro do inglês, mais conhecido: o "FOMO" ("fear of missing out", ou medo de perder algo).
Entre as causas… Há o receio de ficar ausente e ser visto como descomprometido, culturas empresariais que reforçam a necessidade de estar sempre disponível e lideranças cujas atitudes servem de exemplo a outros profissionais.
O comportamento ganhou força na pandemia, quando muitos foram trabalhar em casa, e os limites entre vida pessoal e profissional se perderam. As novas tecnologias também contribuem.
As consequências? Impacto negativo nos relacionamentos pessoais, na saúde e na própria produtividade.
Como driblar a ansiedade. Para superar o medo de se desconectar, alguns caminhos são: alinhar as expectativas na equipe, estabelecer limites, organizar as pendências com antecedência e planejar atividades de lazer para o final de semana, feriados e férias.
As dicas são da newsletter FolhaCarreiras, enviada toda segunda-feira com informações sobre mercado de trabalho e orientações para alavancar sua vida profissional.