Qual mudança a sua caneta alcança?

há 2 dias 3

Desde que me entendo por gente, sempre vi a escrita como uma forma de explorar o mundo. Quando criança, os livros eram um refúgio e uma janela para realidades que eu ainda não conhecia. Mais tarde, entendi que a palavra também era um instrumento poderoso de transformação.

Afinal, quantas histórias nunca foram contadas? Quantas narrativas foram invisibilizadas por falta de espaço para certas vozes? E o que acontece quando finalmente pegamos a caneta e escrevemos nossa própria história?

Ao longo da minha trajetória, percebi que a escrita vai além do papel e da tinta. Escrever é um ato político, um movimento de afirmação, uma ferramenta para imaginar futuros possíveis.

No meu livro "Ancestrais do Futuro – Qual a mudança que seu movimento alcança?", faço um convite para que cada um reflita sobre a responsabilidade intergeracional que carregamos.

Não somos apenas protagonistas da nossa história, mas também os ancestrais das próximas gerações. As decisões que tomamos hoje, os espaços que ocupamos e os legados que construímos serão referências para aqueles que virão depois de nós. De que forma queremos ser lembrados? O que estamos deixando como herança?

A escrita tem o poder de desafiar normas e estruturas. Ao longo da história, as palavras impulsionaram mudanças sociais, provocaram revoluções e deram voz a quem foi silenciado.

A escrita de Toni Morrison deu protagonismo a personagens negros complexos e profundos. As palavras de Maya Angelou trouxeram poesia à resistência. A voz de Conceição Evaristo nos fez enxergar a força da escrevivência.

O que todas essas mulheres têm em comum? Elas entenderam que a caneta na mão pode ser um farol capaz de iluminar caminhos antes invisíveis.

No ambiente corporativo, onde atuo hoje, percebo o impacto direto das palavras na construção de espaços mais diversos e inclusivos.

Durante anos, a narrativa empresarial foi moldada por uma única perspectiva, deixando de fora vozes fundamentais para a inovação. Mas as mudanças acontecem quando trazemos novas histórias para a mesa, quando valorizamos diferentes vivências e quando deixamos que a pluralidade seja, de fato, um pilar de transformação.

A diversidade não é apenas um compromisso ético, mas uma estratégia essencial para qualquer organização que queira prosperar em um mundo dinâmico e em constante mudança.

A caneta que escolhemos segurar pode assumir diferentes formas: pode ser um livro, um discurso, um artigo, um post, uma conversa no corredor.

Toda comunicação é uma oportunidade de transformação. Quando utilizamos nossa voz para questionar, reivindicar ou inspirar, estamos escrevendo novos capítulos da nossa trajetória e influenciando as narrativas ao nosso redor.

Então, a pergunta que deixo é: qual mudança a sua caneta pode alcançar? O que você está escrevendo, contando, provocando? Cada palavra tem um impacto. Que nossas histórias não sejam silenciadas e que nossas narrativas sejam ferramentas para um futuro mais justo e inclusivo. O futuro se escreve agora. E você, como vai usá-la?

O editor, Michael França, pede para que cada participante do espaço "Políticas e Justiça" da Folha sugira uma música aos leitores. Nesse texto, a escolhida por Grazi Mendes foi "Queremos saber" de Gilberto Gil.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

Leia o artigo completo