Protestos contra Elon Musk crescem nas concessionárias Tesla dos EUA

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O centro de serviços da Tesla no Brooklyn não é um dos locais mais visíveis da cidade. Escondido em uma rua tranquila e cercada por armazéns, passa despercebido para quem não está procurando por ele. Mas, no último domingo, o silêncio deu lugar à indignação.

Dezenas de manifestantes se reuniram em frente à instalação, empunhando cartazes e entoando palavras de ordem contra o presidente Donald Trump e seu aliado bilionário, Elon Musk.

O protesto faz parte da terceira semana consecutiva de manifestações em lojas e centros de serviço da Tesla ao redor do mundo, todas direcionadas à crescente influência de Musk no governo dos EUA e na política global.

“Você não pode administrar um país como se fosse uma corporação”, disse Emily Waters, professora da Parson's School of Design, ao InsideEVs. “O país deve ser governado por aqueles que elegemos. Elon não foi eleito”, completou, referindo-se ao papel de Musk como funcionário especial do governo e chefe do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE).

Tesla Protest

Foto de: Suvrat Kothari

Desde o início de fevereiro, as manifestações “Tesla Takedown” têm se espalhado, mas os atos do último fim de semana mostraram uma escalada significativa. As vendas globais da Tesla já vinham enfrentando dificuldades este ano, e os protestos sugerem mais desafios à frente.

Em Brooklyn, cartazes com frases como “Parem o golpe”, “Musk precisa sair” e “Oligarcas perigosos destruindo tudo” foram erguidos. Um cartaz exibia a imagem do Shiba Inu Kabosu, ícone do meme “Doge”, com a frase: “Agência falsa, muitos vazamentos de dados, muito ilegal”.

Tesla protest

Foto de: Suvrat Kothari

Nova York, domingo, 2 de março: Manifestante segura um cartaz com uma pintura de Kabosu, o Shiba-Inu que inspirou o viral "doge" na internet.

Veículos que passavam pelo local, incluindo Teslas e carros da polícia de Nova York (NYPD), buzinavam em solidariedade. A unidade da Tesla parecia fechada.

Outras cidades americanas também registraram grandes manifestações, incluindo Seattle, Los Angeles, São Francisco, Tucson, Cleveland, Columbus e Ann Arbor. Em Manhattan, a situação foi ainda mais tensa, com centenas de manifestantes e nove prisões.

Enquanto isso, Musk tem comparecido a reuniões de gabinete (sem ser membro oficial), cortejado líderes mundiais e assumido um papel cada vez mais ativo na administração da Casa Branca.

Relatórios apontam que Musk doou um valor recorde de US$ 288 milhões à campanha de reeleição de Trump. Sob sua liderança, o DOGE tem desmantelado agências federais e demitido milhares de servidores experientes.

“É fácil ler sobre isso e pensar: ‘isso é horrível’. Mas é preciso agir, seja ligando para congressistas ou indo para as ruas”, disse Becca, estudante de Nova York que preferiu não divulgar seu sobrenome.

Tesla protest

Foto de: Suvrat Kothari

Mobilização em Redes Sociais e Apoio de Celebridades

Os protestos têm sido organizados em plataformas como Action Network e Indivisible, com forte apoio nas redes sociais, incluindo BlueSky e Threads.

Celebridades também se posicionaram. A cantora Sheryl Crow vendeu seu Model 3 e doou o dinheiro à NPR, emissora que Musk ameaçou desfinanciar. O ator e cineasta Alex Winter declarou ao InsideEVs que os protestos não são contra a Tesla, mas buscam desvincular a empresa de Musk.

O Impacto na Tesla

Ainda não está claro como os protestos vão afetar os negócios da Tesla. A montadora divulgará seus resultados do primeiro trimestre em abril.

Enquanto isso, a empresa segue com uma agenda movimentada: as entregas do Model Y renovado começam nos EUA este mês, o serviço de robotáxi está previsto para junho em Austin, e o vice-presidente de engenharia de veículos da Tesla, Lars Moravy, sugeriu atualizações para o Model S e Model X este ano. Mas resta saber se isso ajudará a Tesla a recuperar sua força no mercado.

O que é certo é que a empresa enfrenta uma onda crescente de insatisfação entre aqueles que um dia foram seus clientes fiéis.

“Os erros de Musk antes afetavam apenas sua própria empresa e seus funcionários. Agora, ele está interferindo no país”, afirmou Waters. “Nós não o elegemos. É hora de acordarmos.”

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