Presidente do BRB diz que não repetirá estratégia de CDBs do Master

há 2 dias 3

O presidente do BRB BRB (Banco de Brasília), Paulo Paulo Henrique Costa, disse à Folha que não repetirá a estratégia de venda do Banco Master de CDBs com a propaganda do FGC (Fundo Garantidor de Crédito).

Esse uso do FGC, fundo que cobre perdas dos clientes até R$ 250 mil, era alvo de críticas dos grandes bancos e estava na mira do Banco Central.

O acordo para aquisição de 58% das ações do Master foi aprovado pelo conselho de administração do BRB na sexta-feira (28) e informado ao mercado via fato relevante.

"Os preços e as taxas do CDB no futuro, depois que a operação for autorizada, vão refletir o perfil de risco, as nossas condições comerciais e o próprio porte desse novo banco. Elas serão muito mais próximas das taxas que o BRB paga hoje e que outros grandes bancos pagam também", afirma.

Ficaram fora do negócio ativos de maior risco do Master, como precatórios, direitos creditórios de ações judiciais e ações de empresas. Cálculo preliminar aponta que esses ativos somam R$ 23 bilhões, mas o número pode aumentar.

Costa nega pressão política para o negócio e diz que há muita fake news envolvendo a operação.

Negócio assinado às 23h


A compra se efetivou após o fato relevante ao longo da noite de sexta (28) para sábado (29). Após essa assinatura, todo o material foi submetido ao BC e ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) para que façam as devidas análises e, eventualmente, sejam concedidas as autorizações para que o BRB, a partir dessa aquisição, constitua com o Master um novo conglomerado prudencial que será liderado pelo BRB e operado pela marca BRB.

Nesta segunda-feira, as equipes técnicas procurarão o BC com o objetivo de explicar cada um dos documentos. Protocolamos mais de 30 no final da noite no BC.

Operação independente


O novo conglomerado prudencial vai ser fruto desse posicionamento estratégico em que o BRB entra com a sua atuação de varejo, pessoa física e jurídica, crédito imobiliário, rural, cartões, seguros, investimentos, e o Master agrega a expertise em câmbio, mercado de capitais atacado e cartão de crédito consignado.

As duas empresas continuam operando de maneira independente, cada uma com seu CNPJ: o BRB público, o Master privado. O BRB passa a ter uma participação ativa na governança do Master, indicando metade menos um da diretoria, do conselho de administração, do comitê de auditoria e do conselho fiscal do Master.

Além disso, no nível estratégico, a gente constitui uma série de órgãos de assessoramento ao próprio conselho de administração do BRB.

Pressão política para compra


Esse tipo de pressão não aconteceu. O que a gente tem é uma senhora oportunidade na mão para o BRB se posicionar como um banco bem maior e nacional. Essa talvez seja a primeira de outras aquisições que venham a acontecer no futuro. Essa foi a terceira tentativa do BRB comprar participação acionária. A gente vem tentando desde 2021.

Cisão do risco


O Master atuava em algumas operações com um perfil de risco diferenciado, e muitas vezes participando de empresas. Esse perfil vai continuar? A minha resposta objetiva é não. Toda essa negociação e essa construção da discussão de uma sociedade envolve um reposicionamento estratégico da atuação do Master para que fique mais compatível com a visão de negócios e o posicionamento estratégico do BRB. Todas as operações que não se enquadram nesse novo posicionamento estratégico serão cindidas.

Esse é um dos condicionantes do fato relevante, em relação ao closing [fechamento do negócio]. Elas precisam ser cindidas, retiradas do escopo do Master para que a nossa operação possa ser aperfeiçoada ou concluída.

Precatórios fora


Haverá um ajuste de posicionamento mercadológico, uma mudança de posicionamento estratégico no Master para que fique alinhado com a forma e a atuação bancária, de seguridade e de investimentos do próprio BRB. Ativos que não se enquadram nesse novo posicionamento estratégico serão cindidos antes da entrada do BRB, ou seja, não fazem parte do escopo da transação.

Então, por exemplo, sairão precatórios, direitos creditórios de ações judiciais e ações de empresas que não fazem parte do escopo de atuação e apresentam menor liquidez ou maior risco, não farão parte dessa transação. São R$ 23 bilhões, e as diligências continuam e esse número pode aumentar.

Ativos de risco


Só posso falar do que a gente chama tecnicamente do meu perímetro da transação. O que o Daniel Vorcaro [presidente do Master] vai fazer com isso, quando ele tirar do banco, precisa ser perguntado a ele diretamente. Isso é muito importante porque o que vai ficar no final, além da saída desses ativos e de um conjunto de empresas do Grupo Master, é uma estrutura essencialmente bancária, alinhada a essa atuação nos segmentos.

Uso do FGC


Todos os títulos emitidos pelo banco, notadamente os CDBs, fazem parte do escopo da transação. Na nossa visão, são uma baita oportunidade para os investidores que compraram com uma rentabilidade bastante alta e vão ter uma mudança no perfil de risco a partir da aprovação pelos órgãos reguladores da transação. Vai envolver um banco muito maior, muito mais diversificado, com uma base de captação bem mais líquida, presente no país inteiro, que vai ter a 9ª maior carteira de crédito do país, que vai ser um dos maiores bancos públicos do país. O BRB hoje é o 14º maior banco brasileiro em carteira de crédito.

CDBs do Master


Os CDBs do Master são garantidos pelo FGC nos limites estabelecidos em lei e fazem parte do escopo da transação. Com o tempo, caso a operação seja autorizada, as fontes de liquidez do BRB, mais estáveis, sólidas e baratas, passarão a ter um papel maior na estrutura de liquidez do novo conglomerado.

Na prática, após a autorização para conclusão da operação, os atuais investidores se beneficiarão de uma rentabilidade alta de um papel com risco menor.

Segurança para investidores


É importante dizer que nesse momento nada muda, porque as pessoas não entendem essa tecnicalidade. Nasce um banco muito maior, que no futuro vai ser mais seguro. A informação que a gente está retirando do contexto dessa transação, de ativos de maior risco, ativos que não fazem parte do escopo de atuação desse banco no futuro, isso deve promover, inclusive, tranquilidade para os investidores e para os clientes do próprio Master.

A marca Master


As duas instituições passam a operar sob a marca BRB no mercado após a transação. Nessa operação atual do Banco Master, sim. Eu não consigo responder se alguém vai usar essa marca ou se o Daniel, em algum outro negócio, vai usar essa marca. Mas a atuação do banco, formado em conjunto no conglomerado BRB, vai operar sob uma única marca comercial, o BRB. Além da marca Will Bank, que vai ser o braço digital do conglomerado.

Auditagem desde janeiro


A operação traz uma série de oportunidades, proporciona entrada do BRB em mercados que não atuava. Ela aporta expertises específicas, inclusive de tecnologia e de banco digital, que o BRB hoje não tem. E todas as operações do Master estão sendo auditadas antes que a operação seja concluída e a gente obtenha as autorizações legais. A gente vem auditando desde janeiro e vamos continuar. É um fato condicionante [para o negócio].

Análise do BC


Não muda nada a operação e a atuação das duas instituições. As instituições continuam operando do jeito em que estão e aguardando as autorizações legais para que possam iniciar o processo de integração.

Críticas de grandes bancos


O meu papel aqui é olhar para o passado e para a estratégia lá de trás do Master, que tem inúmeros méritos, porque permitiu que o banco se posicionasse, e olhar para frente. O BRB tem uma estratégia de comunicação, de posicionamento e de venda dos seus produtos um pouco diferente dessa estratégia do passado.

Os preços e as taxas do CDB no futuro, depois que a operação for autorizada, vão refletir o perfil de risco, as nossas condições comerciais e o próprio porte desse novo banco. Elas serão muito mais próximas das taxas das taxas que o BRB paga hoje e que outros grandes bancos pagam também.

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