O Peugeot 2008 não é mais feito no Brasil. Após nove anos de produção em Porto Real (RJ), a nova geração do modelo passa a vir da Argentina. A mudança de nacionalidade é também um reposicionamento de mercado.
O estilo que remetia às antigas peruas compactas foi substituído pelo padrão SUV que domina o mercado. O carro cresceu em todas as dimensões e agora é sempre equipado com o motor 1.0 turbo flex (130 cv). O câmbio automático do tipo CVT (continuamente variável) também é o mesmo nas três versões disponíveis.
O preço começa em R$ 139.990, mas a Peugeot diz haver uma promoção de lançamento: são R$ 20 mil de desconto. O abatimento vale para as três versões disponíveis. A que chegou para o teste Folha Mauá é a GT —que, de acordo com a montadora, tem dois meses de fila de espera.
O mais equipado dos 2008 (nomenclatura que faz muitos pensarem se tratar do ano do carro) tem teto solar, seis airbags e assistentes avançados de frenagem e manutenção do carro na pista. Seu preço sugerido é de R$ 169.990, valor que cai para R$ 149.990 neste período de lançamento.
A posição de dirigir é diferente da usual, com quadro de instrumentos posicionado acima do volante. Essa solução pode incomodar motoristas com mais de 1,80 m de altura, mas traz a exclusividade que a Peugeot tanto busca em sua fase atual.
A marca francesa ficou mais premium com a entrada no grupo Stellantis, o que pode ser percebido no pacote de equipamentos e nas combinações de cores e texturas da cabine.
A versão GT tem forrações que combinam tecido cinza com imitação de couro. As costuras são feitas com linhas verdes bem claras, tom semelhante ao das bolas de tênis.
A sensação de se estar em um compacto premium é reforçada pelo silêncio. Pouco se escuta o motor trabalhar, e os ruídos do mundo exterior também desaparecem com o vidro fechado. O isolamento acústico é mais eficiente até que o de modelos mais caros, como o Honda HR-V (de R$ 152,7 mil a R$ 199,8 mil).
No banco de trás do Peugeot, contudo, não há muito espaço. Além do Honda, os líderes de mercado Hyundai Creta, Chevrolet Tracker e Volkswagen T-Cross oferecem mais comodidade nesse assento, principalmente se for necessário transportar três passageiros.
Em movimento, o novo 2008 GT comprova a eficiência do conjunto mecânico desenvolvido pelo grupo Stellantis. Parece que o 1.0 turbo flex, que nasceu para a linha Fiat, encontra seu melhor abrigo sob o capô do novo SUV franco-argentino.
De acordo com as medições feitas pelo Instituto Mauá de Tecnologia, o Peugeot precisou de 10,3 segundos para ir do zero aos 100 km/h. Para comparar, o VW T-Cross 1.0 TSI (R$ 146.690) cumpriu a prova no mesmo tempo.
Na aferição de consumo, o 2008 GT rodou 20,3 quilômetros com um litro de gasolina na estrada, a uma velocidade de 90 km/h. O carro se sente à vontade nessa condição, com suspensão firme e estabilidade nas curvas. Esse ajuste é especialidade da marca francesa.
O que poderia, de fato, melhorar é a oferta de itens de segurança. Apenas o 2008 GT traz seis airbags, sistema de frenagem autônoma de emergência e sensores de faixa que ajudam a manter o carro em sua pista. As versões Active (preço promocional de R$ 119.990) e Allure (R$ 129.990) vêm com quatro bolsas infláveis em caso de colisão.
Peugeot e-2008 GT
Preço: R$ 149.990 (setembro/2024)
Motor: flex, dianteiro, turbo, 999 cm³
Potência: 130 cv (E) e 125 cv (G) a 5.750 rpm
Torque: 20,4 kgfm a 1.750 rpm (E/G)
Transmissão: câmbio automático do tipo CVT, sete marchas
Pneus: 215/60 R17
Peso: 1.300 kg
Porta-malas: 434 litros
Comprimento: 4,31 m
Largura: 1,78 m
Altura: 1,55 m
Entre-eixos: 2,61 m
Aceleração (0 a 100 km/h, em segundos): 10,3 (etanol/gasolina)
Retomada (80 km/h a 120 km/h, em segundos): 7,8 (etanol) e 8,1 (gasolina)
Consumo urbano (km/l): 8,7 (etanol) e 12,4 (gasolina)
Consumo rodoviário (km/l): 14,8 (etanol) e 20,3 (gasolina)
COMO SÃO FEITOS OS TESTES
Para aferir o desempenho dos carros, o Instituto Mauá de Tecnologia utiliza o V-Box, equipamento que usa sinal de GPS. Os testes de aceleração e retomada são feitos na pista da empresa ZF, em Limeira (interior de São Paulo).
A etapa que verifica o consumo na cidade tem 27 km. Para simular um percurso rodoviário a 90 km/h, os pilotos de teste dirigem por 31 km.
Ambos os trajetos ficam em São Caetano do Sul (ABC), onde está a sede do instituto. Se o carro for flex, são feitas duas medições: uma com etanol, outra com gasolina.
O consumo de modelos elétricos é medido por meio do carregador instalado no IMT. O teste calcula o gasto para rodar 100 km nos modos urbano e rodoviário.