O petróleo caminha para a maior alta semanal em dois anos devido a receios de que Israel possa bombardear instalações petrolíferas iranianas em retaliação a um ataque de mísseis ao seu território.
A cotação do barril de Brent em Londres ampliou o avanço nesta sexta-feira (4), após o salto de 5% na quinta, depois que o presidente Joe Biden disse que os EUA estavam discutindo se apoiariam possíveis ataques à infraestrutura energética iraniana.
Uma autoridade americana disse depois que o governo ainda estava em negociações com Israel e acreditava que nenhuma decisão havia sido tomada. A avanço do preço na semana é de mais de 9%, o maior desde outubro de 2022.
A escalada recente das hostilidades aumentou a possibilidade de interrupção do fornecimento de petróleo do Oriente Médio.
Folha Mercado
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"Embora as probabilidades dos piores cenários sejam muito baixas, todos ainda estão roendo as unhas por conta do que pode acontecer nos próximos dias, enquanto aguardamos o ataque retaliatório de Israel ao Irã", disse Bjarne Schieldrop, analista-chefe de commodities do banco sueco SEB AB.
O Oriente Médio é responsável por cerca de um terço do fornecimento mundial de petróleo. O Irã tem produzido cerca de 3,3 milhões de barris por dia nos últimos meses, tornando-se o terceiro maior produtor da Organização dos Países Exportadores de Petróleo.
O Citigroup estima que um grande ataque de Israel à capacidade de exportação do Irã poderia retirar 1,5 milhão de barris por dia do mercado. Mesmo se Israel só atacar instalações menores, 300 mil a 450 mil barris por dia poderiam ser retirados.
Há também a preocupação de que o Irã possa reagir e mirar a infraestrutura energética de países vizinhos ou rotas de abastecimento como o Estreito de Ormuz, que é crítico para o mercado global de petróleo. A Clearview Energy Partners disse que uma interrupção no fluxo do estreito, que é o portal de saída do Golfo Pérsico, poderia elevar o preço do barril de petróleo em US$ 13 a US$ 28.
Mas um ataque de Israel às instalações petrolíferas do Irã é a opção "menos provável", de acordo com o ANZ Group. Isso incomodaria os aliados de Israel, inclusive os EUA, e também pode provocar uma resposta mais severa do Irã, disseram os analistas do banco Daniel Hynes e Soni Kumari.
Mesmo assim, o mercado de opções dá sinais de alerta, com apostas de que o petróleo pode subir ainda mais. As opções de compra que lucram com a alta da cotação do barril de WTI foram negociadas com o maior prêmio em dois anos em relação às de venda. A volatilidade implícita dos contratos também aumentou.
A crise também começou a repercutir na logística marítima, com um salto no custo de transporte por petroleiros.