Pessimismo do mercado esconde dados positivos da economia brasileira

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Decisão não será acompanhada pelas outras agências de risco. Fitch e Standard & Poor's se manifestaram após a decisão da Moody's e avaliam não haver razão para aumentarem o rating nacional. "Para elevar a classificação de crédito do Brasil, precisaríamos ter mais confiança na capacidade do governo de gerar superávits primários", disse Todd Martinez, codiretor de riscos soberanos das Américas da Fitch, em entrevista à Reuters.

Analistas do mercado classificaram a decisão como precipitada. Sílvio Campos, da Consultoria Tendências, explica que as críticas são motivadas pelo ambiente de incertezas. "Ainda há muitos temas importantes em aberto, principalmente pensando na dinâmica das contas públicas. Isso gerou a percepção de que esse upgrade não tinha um bom embasamento técnico", afirma ele.

Avaliação melhor não rendeu bons frutos ao mercado acionário. Com o ambiente externo adverso em meio ao avanço da guerra e as eleições nos EUA, o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou o mês de outubro com perda 1,6%, caindo dos 131.816,44 aos 129.713,33 pontos. "Desde a alta do rating, não houve nenhuma melhora. Pelo contrário, os ativos brasileiros passaram por uma nova rodada de deterioração, o que exacerba que a percepção de risco segue muito elevada", reforça Sílvio Campos.

Elevação da nota de crédito não atraiu investidores estrangeiros. Mesmo com a aproximação da conquista do selo de bom pagador, o fluxo estrangeiro na Bolsa de Valores nacional fechou outubro com uma perda de R$ 2,2 bilhões. "O mercado olha a política do país, a conjuntura e tira suas conclusões, sem seguir necessariamente as opiniões das empresas de rating", analisa Freitas.

Economistas preveem rebaixamento no Brasil em três anos. Ao citar uma perspectiva do pesquisador Samuel Pessoa, do FGV/Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas), Freitas avalia a previsão como razoável e cobra "noção" da equipe econômica. "É lamentável, porque o país tem tudo para alcançar novamente o período de crescimento econômico, mas esses espasmos criados pelo equilíbrio fiscal não levam a lugar nenhum", avalia o ex-diretor do BC.

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