Para 2025, virtude

há 5 dias 1

A chegada de 2025 traz uma sensação de urgência, pedindo mais do que as tradicionais resoluções de ano novo. O Brasil (e talvez o mundo inteiro) anseia por uma mudança. Mas será que essa transformação será positiva? Isso depende de cada um de nós.

E se fizéssemos de 2025 um ano de retorno à virtude? Não à virtude de fachada, às postagens moralistas ou às críticas vazias, mas à prática genuína de ser bom e fazer o bem.

E por que isso importa? Porque a virtude (expressa em formas como respeito, civilidade e empatia) pode não só melhorar a convivência, mas também interromper o ciclo de degradação que tem tomado conta da nossa sociedade.

O bom comportamento tornou-se algo tão raro que parece estranho. Vivemos em um país dividido, onde a desconfiança e o individualismo estão em alta. Manchetes de violência, corrupção e desigualdade reforçam a sensação de que estamos perdendo o chão. O Brasil, assim como o mundo, ainda sente os efeitos de anos turbulentos, especialmente desde a pandemia, que abalou nossos valores e a maneira como nos relacionamos.

Nos últimos anos, vimos rompantes de intolerância, tanto nas ruas quanto nas redes sociais. A pandemia nos trouxe medos legítimos, mas também reações extremas. Denunciamos vizinhos por não seguirem regras de isolamento. Brigamos por vacinas, passamos na frente de filas ou criticamos ferozmente quem fazia o mesmo.

A polarização se intensificou, e as discussões, que deveriam buscar soluções, se transformaram em ataques pessoais e acusações sem fim.

Com o tempo, esses comportamentos tóxicos se normalizaram. Hoje, o diálogo público ainda é marcado por gritos e xingamentos, enquanto a confiança nas instituições e nas pessoas ao nosso redor segue em declínio. É como se tivéssemos esquecido que, no fundo, todos desejamos a mesma coisa: viver com dignidade, segurança e propósito.

Mas talvez o início de 2025 seja o momento perfeito para mudar isso. A virtude não é apenas um ideal moral abstrato. Ela é também uma ferramenta prática para melhorar a vida em sociedade. Se cada um de nós fizer a escolha consciente de praticar o respeito, o diálogo e a cooperação, podemos começar a reconstruir os laços que nos conectam como comunidade.

Isso não significa esperar por grandes revoluções. Não precisamos mudar o mundo da noite para o dia. Pequenos atos de bondade, como ouvir sem julgar, ajudar um vizinho ou colaborar em projetos comunitários, podem ser o ponto de partida. A mudança começa em casa, no trabalho, na escola e nas ruas. Quando priorizamos o bem coletivo, o impacto positivo se espalha.

O novo ano pode ser o ano em que nós nos comprometemos com a reconstrução social. Precisamos de um esforço coletivo para superar as divisões e reafirmar o compromisso com a justiça e com o bem comum. Não será fácil, mas é possível.

A virtude não é um luxo, mas uma necessidade. Não é sobre ser perfeito ou idealista, mas sobre fazer escolhas melhores, dia após dia. Afinal, nosso amanhã é moldado pelas ações que tomarmos hoje. Que em 2025 possamos redescobrir o poder de sermos bons... uns com os outros e com nós mesmos.

O editor, Michael França, pede para que cada participante do espaço "Políticas e Justiça" da Folha de S. Paulo sugira uma música aos leitores. Nesse texto, a escolhida por Fillipi Nascimento foi "Marcas do que se foi", de The Fevers.

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