A Justiça de São Paulo determinou a apreensão de um imóvel do fundador e CEO da fintech Ewally, André Cunha, sócio do Carrefour Brasil no negócio, para compensar a rede varejista por uma capitalização milionária na companhia que não contou com a participação de Cunha.
A fintech é responsável pelos serviços financeiros digitais do Carrefour Brasil e do Atacadão. O Carrefour detém 49% da empresa, fatia adquirida pela rede de supermercados por R$ 35 milhões em 2019. Cunha possui os 51% restantes.
Na ação, a rede de supermercados afirma ter feito 100% do aporte para o aumento de capital da fintech, porque Cunha não fez o desembolso proporcional à sua participação na empresa. Por isso, o Carrefour foi à Justiça.
Desde o ano passado, o Banco Central questiona a Ewally sobre sua capacidade de manter o patrimônio de referência dentro dos limites regulatórios mínimos.
Diante disso, o Carrefour decidiu notificar seu sócio para que fosse realizada uma injeção de recursos na companhia. A varejista justificou essa medida pelas respostas insatisfatórias dadas por Cunha ao BC sobre a saúde financeira da empresa.
Cunha, no entanto, informou o Carrefour de que não participaria do aumento de capital.
Em junho deste ano, após discussões, os acionistas aprovaram o aporte de R$ 1 milhão na empresa.
Hacker
Cerca de dois meses depois, a Ewally foi alvo de um ataque hacker, que lhe causou um prejuízo de mais de R$ 36 milhões.
Com o episódio, o Carrefour voltou a pressionar por um novo aumento de capital e uma AGE (Assembleia Geral Extraordinária) foi convocada. A injeção de novos recursos na companhia foi, então, aprovada.
Cunha, porém, novamente resistiu à subscrição de sua cota e o Carrefour teve que arcar com 100% do aumento aprovado.
Segundo o processo, Cunha reconhece que o ataque hacker prejudicou a companhia, gerando problemas no caixa.
Naquele momento, as movimentações financeiras em operações da fintech somavam R$ 41 milhões, mas só havia R$ 4,4 milhões no caixa.
A Justiça decidiu que o sócio do Carrefour deve dividir os prejuízos na proporção de suas ações.
Consultado, o Carrefour disse que não comenta processos em curso. O Painel S.A. tentou contato com os advogados de Cunha, mas não obteve sucesso.
Com Stéfanie Rigamonti