A saúde financeira das distribuidoras de medicamentos especializados deteriorou-se com a redução das margens de lucro decorrente da exigência de pagamentos em prazos mais curtos pelas farmacêuticas e mais longos pelos hospitais.
Segundo a Abradimex, associação que representa as distribuidoras, essa diferença já deixa as distribuidoras "financiando" essa operação com caixa próprio durante 100 dias, em média.
As fabricantes fornecem as medicações e querem quitação da fatura em 42 dias, em média, enquanto os hospitais (clientes finais), costumam liberar o pagamento após 75 dias, com a possibilidade de extensão do período conforme a duração do estoque. Em alguns casos, pode chegar a dois meses.
Para Paulo Lima, presidente da Abradimex, o mercado corre o risco de desabastecimento se essa situação não for revista.
"Esse não é um movimento isolado do distribuidor, é um movimento de mercado. Não tem como deixar de vender para o hospital porque não consegue pagar no prazo condicionado. O paciente é quem vai sofrer com isso lá na ponta", diz Lima.
Atualmente, a Abradimex atende mais de 15 mil hospitais e clínicas especializadas.
Em abril, diretores da associação se reuniram com a Interfarma, uma das associações que representam a indústria farmacêutica no país, mas não houve acordo.
Segundo Lima, as farmacêuticas multinacionais demonstram menor disponibilidade em ampliar os prazos de pagamentos.
A indicação é de que as matrizes não aceitariam trabalhar com fluxos mais esticados como é o cenário brasileiro agora.
Consultada, a Interfarma disse que, por questões legais, é vedada a se envolver em temas referentes às relações, práticas e políticas comerciais de suas associadas.
O Sindusfarma, outro grande representante da indústria, também afirmou que não se envolve em questões comerciais das associadas.
Com Diego Felix