A China dobrará sua aposta na Nova Rota da Seda e, desta vez, incluiu o Brasil como um dos alvos do programa que pretende investir em infraestrutura de transporte, comunicação e energia mundo afora para aumentar o intercâmbio com o país.
Essa meta foi anunciada pelo governo chinês em um congresso realizado nesta semana na cidade de Chengdu.
Uma das grandes apostas do líder Xi Jinping, o programa foi lançado em 2013 como "Um Cinturão, Uma Rota" mas ficou conhecido como Rota da Seda.
"Há muitas forças contrárias à rota. As prioridades de cada país mudam a cada quatro ou cinco anos, e os países ficam preocupados se as cooperações serão afetadas. Outra pergunta é se a China vai investir o suficiente", afirmou Sun Haiyan, vice-ministra do departamento internacional do comitê central do Partido Comunista Chinês.
Ela rebateu os questionamentos à perda de vigor do plano, afirmando que as escolhas de projetos ficaram mais seletivas e houve a saída da Itália do grupo de parceiros, simbolicamente importante pelo peso na União Europeia.
"A China vai desenvolver com determinação a Rota da Seda", afirmou, acrescentando que o ritmo do PIB chinês, ainda que mais baixo do que antes, continua sendo muito superior ao das principais economias do mundo.
"A China está passando de um crescimento de alta velocidade para um crescimento de alta qualidade."
Longo prazo
Os chineses dizem não ter pressa. "Nosso capital paciente visa retornos de longo prazo", afirmou Wang Yingjie, vice-presidente do Fundo da Rota da Seda, que conta com US$ 40 bilhões em investimentos realizados.
O projeto vai muito além da questão da infraestrutura e busca ainda a diversificação das rotas de exportação da China e o aumento do capital político do país na cena global.
O plano também mira o desenvolvimento de regiões da China que ficaram para trás no grande salto das últimas décadas.
Arrasta consigo investimentos em áreas tão diversas como fábricas de moletom na Etiópia, armazéns na Holanda e projetos educacionais no Oriente Médio.
Daí o interesse de empresas que nada têm a ver com infraestrutura. Um exemplo é a Wuliangye, que produz um baijiu, um tipo de destilado, feito a partir de cinco cereais —sendo que o sorgo e milho são produzidos na África.
"Para esta segunda, o caminho [da Nova Rota da Seda] foi aprofundado", explica Zhang Yu, vice-presidente da empresa.
O presidente Lula sinaliza uma aproximação com a China e declarou publicamente nas últimas semanas que pretende conversar com Xi sobre a entrada do país no programa.
A Fundação Perseu Abramo, ligada ao PT, acaba de promover um seminário sobre o assunto. Na América do Sul, somente Brasil, Colômbia e Paraguai não integram a Nova Rota da Seda. Nesse grupo, a negociação mais complicada é a com o Paraguai, o único país da região a manter relações diplomáticas formais com Taiwan.
Com Diego Felix