Painel S.A.: Centrais sindicais querem revisão de acordo entre Mercosul e União Europeia

há 5 meses 9

As centrais sindicais querem discutir com o governo Lula o aprimoramento das políticas de fortalecimento da indústria nacional e pedir que o acordo costurado entre Mercosul e União Europeia seja integralmente revisto. O temor é de que, numa eventual assinatura do acordo, as empresas brasileiras percam competitividade ante as importações de produtos europeus.

Para isso, está agendada uma reunião das centrais na sexta (8), com o vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, em São Paulo. A ideia do encontro é debater diversos pontos do programa Nova Indústria Brasil e entregar um documento com sugestões para ampliar as ações do governo junto ao setor.

Entre as lideranças sindicais, a reclamação é que pouco se sabe do que é discutido no acordo com a União Europeia.

No final de setembro, durante viagem aos Estados Unidos e México, o presidente Lula afirmou em discurso que espera concluir o acordo ainda neste ano. A fala acendeu um alerta nas centrais, que avaliam o debate como superficial fora do governo.

Com as negociações concluídas desde 2019, no primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro, o texto ainda não foi ratificado pelos dois blocos. As conversas técnicas estão avançadas, mas Mercosul e União Europeia reconhecem que não há no momento ambiente político para fazer o acordo avançar nas instâncias europeias. A ideia é tentar concluir as negociações técnicas o quanto antes, à espera de um momento propício para submeter o texto ao Parlamento Europeu.

"Tem muita incerteza em torno deste acordo. Queremos discutir principalmente como serão feitas as compras governamentais, quais setores terão imposto diminuído. Esse é o pressuposto mais importante. Não somos contra, mas queremos participar do debate e saber mais sobre o acordo, já sofremos muito com o comércio na China", diz Sergio Luiz Leite, vice-presidente da Força Sindical.

No documento, que ainda passa por ajustes finais, as centrais vão pedir que seja reduzida a dependência do país a bens de produção industriais importados, principalmente os de alta e média tecnologia, fortalecendo a produção nacional.

A CUT, braço sindical do PT, apoia a revisão do acordo e endossa os termos do documento que será entregue ao ministro Alckmin.

Outro ponto que estará em discussão com Alckmin envolve uma agenda de reindustrialização das chamadas "regiões industriais maduras", atualmente previsto em uma resolução do CNDI (Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial).

A ideia é acelerar os investimentos em polos industriais como a região do ABC Paulista, Camaçari (BA) e São José dos Campos, por exemplo. As centrais pedem que o governo imprima um ritmo de fomento mais articulado.

Além disso, outros pontos do documento englobam temas como qualificação profissional alinhada às necessidades da nova industrial e o acesso de micro e pequenas empresas do setor aos programas e recursos previstos nas diretrizes governamentais.

Com Diego Felix

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