A fusão entre Azul e a Abra, dona da Gol, deverá ser julgada no primeiro trimestre de 2026 e, na avaliação de técnicos do Cade, enfrentará turbulências.
A concentração elevada —em alguns mercados ela será de até 70%— não é o maior problema. As atenções estão voltadas para os slots (agenda de cada companhia para pousos e decolagens) nos aeroportos de Congonhas (SP) e Santos Dumont (RJ).
Nesses casos, haverá remédios para a aprovação do negócio, como a redistribuição de parte desses slots para a Latam ou companhias menores.
A expectativa é de que o principal concorrente crie dificuldades para a fusão se o Cade não promover uma distribuição de modo que os dois concorrentes restantes —Latam e Gol+Azul— tenham, ao final, participação semelhante em slots e nas principais rotas.
Além disso, conselheiros avaliam existir chance de que a Gol tenha dificuldades em sair de sua recuperação nos EUA, o chamado Chapter 11.
Embora as partes tenham afirmado ao Cade que a fusão estará cancelada se a Gol não sobreviver à recuperação, muitos acreditam que as dificuldades da companhia em sair do Chapter 11 serão usadas para convencer o conselho pela aprovação da fusão, que seria, nesse cenário, a única forma de salvar a companhia.
Próximos passos
A intenção de fusão ainda não foi oficialmente notificada ao Cade. Até o momento, os técnicos da Superintendência-Geral do órgão de defesa da concorrência analisam o que chamam de "pré notificação".
A partir desse documento, as partes acertam o formato final para que o negócio seja apresentado formalmente ao Cade, o que está previsto para ocorrer até o fim de março.
Maior caso em curso no momento, a análise da fusão deve ser submetida ao conselho do Cade que deverá julgá-la em até dez meses.
Com Stéfanie Rigamonti