Painel S.A.: BNDES paga bônus médio de R$ 130 mil a funcionários; veja outras estatais

há 6 meses 10

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) distribuiu um benefício médio de R$ 129,9 mil a seus funcionários por meio de seu programa de PLR (participação nos lucros e resultados).

O valor é referente ao desempenho no ano de 2023 e representa uma alta de 33,1% em relação a 2022, quando o repasse médio foi de R$ 97,6 mil.

Trata-se da maior bonificação média entre as declaradas pelas empresas públicas à Sest (Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais), ligada ao Ministério da Gestão e Inovação. As cifras são nominais.

Nem todos os empregados recebem o mesmo valor, que é calculado conforme a remuneração e as metas de desempenho. Segundo os dados oficiais, pelo menos um funcionário do BNDES recebeu R$ 288,7 mil, o teto pago por meio da PLR. A política do banco é repassar o equivalente a três meses de salário.

Nesta comparação, porém, o recordista foi o Banco do Brasil, que pagou R$ 369,2 mil a pelo menos um empregado, uma alta de 5,4% contra 2022 e o correspondente a quase seis remunerações mensais. A PLR média da instituição ficou em R$ 49,2 mil no ano passado (avanço de 11,4%).

Na Caixa Econômica Federal, os valores são menores, mas houve crescimento significativo em relação a 2022. A bonificação média foi de R$ 25,6 mil (alta de 49,2%). Pelo menos um empregado recebeu PLR de R$ 68,9 mil, quase quatro vezes o teto do ano anterior (R$ 17,5 mil), mas próximo do observado em 2021 (R$ 65,7 mil).

BB e Caixa disputam fatia de mercado entre si e com instituições privadas, diferentemente do BNDES, que, por ser um banco de desenvolvimento, atua na prática como uma empresa pública sem concorrência.

Recentemente, o banco vem ganhando ainda mais protagonismo nas políticas do governo Lula (PT), com aportes bilionários de recursos para fazer frente a novos desembolsos.

O pagamento da PLR é anual e se soma ao salário, 13º, adicional de férias e outros benefícios concedidos pelas empresas estatais.

No BNDES, 2.289 empregados foram contemplados pelo benefício. Nos outros dois bancos oficiais, o número de funcionários alcançados é maior: 87,8 mil no Banco do Brasil e 82,8 mil na Caixa.

Por serem estatais independentes (ou seja, pagam suas despesas com receitas próprias, sem necessidade de aportes do Tesouro Nacional), elas podem oferecer remuneração acima do teto do funcionalismo, hoje em R$ 44 mil.

Procurado, o BNDES disse ser uma estatal historicamente lucrativa e que proporcionalmente paga mais dividendos à União. A instituição atribuiu o aumento do valor da PLR ao desempenho "excepcional" do banco em 2023, com expansão dos desembolsos e inadimplência de 0,01% da carteira.

"O número de salários pagos é limitado a três, e o pagamento ocorre apenas quando os indicadores superam 80% da meta. Em comparação com as demais estatais, o Banco do Brasil, por exemplo, paga mais de cinco salários por ano para 70% de seus empregados", afirmou.

O Banco do Brasil disse que o pagamento de PLR "é uma prática de mercado e faz parte da sua política de valorização e retenção de talentos". Segundo a instituição, o repasse é constituído de uma parcela fixa e outra variável, que considera os lucros atingidos.

"A elevação nos resultados financeiros alcançados entre os anos de 2022 e 2023 promoveu, consequentemente, um aumento nos valores recebidos pelos funcionários, com maior valorização dos cargos da base hierárquica da empresa", afirmou.

Procurada, a Caixa não respondeu até a publicação deste texto.

Outras empresas também pagaram bonificações polpudas a seus funcionários. A Petrobras repassou um valor médio de R$ 73,4 mil a 38 mil empregados, referente a 2023. É mais que o triplo da média paga em 2022 (R$ 20,9 mil) e 2021 (R$ 18,4 mil).

Além disso, pelo menos um funcionário da companhia recebeu uma bonificação de R$ 152,5 mil, mais que o dobro do máximo repassado no ano anterior (R$ 68,5 mil). Em 2021, o teto da PLR ficou em R$ 63 mil.

Procurada, a Petrobras não se manifestou até a publicação deste texto.

Na TBG (Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil S.A.), a evolução ocorreu em ritmo semelhante. O valor médio repassado a 280 funcionários subiu 290% e alcançou R$ 80 mil em 2023. Ao menos um empregado da empresa recebeu bonificação de R$ 150,9 mil. A companhia não respondeu aos questionamentos.

Na APS (Autoridade Portuária de Santos), o bônus médio a 835 empregados ficou em R$ 48,6 mil, alta de 21,1% em relação aos números de 2022. Já o pagamento máximo chegou a R$ 141,9 mil, 42,8% acima do ano anterior. Os valores equivalem a três remunerações mensais dos funcionários.

A empresa disse que os números de 2023 refletem o aumento do lucro líquido da companhia e o alcance das metas por todos os empregados.

"O objetivo do programa de PLR é a melhoria dos níveis de produtividade como forma de aumentar e/ou melhorar a rentabilidade da companhia, possibilitando ao empregado, por meio de sua participação efetiva, um benefício adicional pelo cumprimento de metas e demais regras estabelecidas", afirmou a APS.

Idiana Tomazelli (interina) com Diego Felix

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