Dois réus da Lava Jato entraram com pedidos no STF (Supremo Tribunal Federal) para terem acesso aos áudios captados na cela do doleiro Alberto Youssef em março de 2014, ano da deflagração da primeira fase da operação.
Os pedidos foram feitos pelas defesas do ex-diretor da Petrobras Renato Duque, que voltou para a prisão em agosto, e do advogado Carlos Alberto Pereira da Costa, ligado a Youssef.
Em julho, a defesa de Youssef, um dos principais delatores da Lava Jato, teve acesso a 260 horas de áudios que teriam sido captados dentro da cela onde o doleiro estava preso, na sede da Polícia Federal em Curitiba.
A qualidade das gravações é considerada "muito ruim", de acordo com um dos advogados do caso, Gustavo Flores, mas a ideia é reunir elementos que joguem dúvida sobre a espontaneidade e voluntariedade da delação do doleiro, firmada logo no início da Lava Jato.
Para a defesa, se o doleiro foi gravado por autoridades da operação de forma ilegal, o acordo de colaboração premiada assinado na sequência tem vícios e pode ser rescindido.
Na esteira disso, outros réus da Lava Jato que ainda enfrentam desdobramentos da operação também procuram agora o STF, indicando que os áudios podem ser uteis para as defesas.
Carlos Costa, de acordo com seus advogados, chegou a ficar preso na mesma cela de Youssef. "O peticionário igualmente foi vítima da escuta ilegalmente instalada pela Polícia Federal, resta evidente o seu interesse em ter conhecimento do inteiro teor do material", escrevem seus advogados ao STF, em petição protocolada nesta segunda-feira (9).
Relator do caso, o ministro Dias Toffoli ainda não decidiu sobre os dois pedidos.